O Chefe de Estado João Lourenço promove hoje, no Palácio Presidencial, em Luanda, uma conferência de imprensa, que se prevê anual, no quadro de um programa de aproximação aos jornalistas nacionais e estrangeiros. Representantes da sociedade civil reagiram positivamente à medida, considerando-a profícua e muito bem pensada.
POR: José Dias
Em declarações à Rádio Nacional de Angola (RNA), o Arcebispo de Saurimo, Dom José Manuel Imbamba aplaudiu a iniciativa de João Lourenço no quadro de uma presidência aberta que pretende imprimir à sua governação. Para si, o simples facto de conceder essa conferência de imprensa para fazer o balanço dos seus poucos dias de governação, encoraja e anima a sociedade em crer num futuro de vivência condigna e de exercício da cidadania. Neste contexto, o prelado católico considera positivos os primeiros cem dias de mandato de João Lourenço.
“Penso que a avaliação é positiva, na medida em que em poucos dias o Presidente imprimiu um novo dinamismo de governação, sobretudo com o seu compromisso com a ética, com a justiça, com o profissionalismo, o sentido de missão e de entrega”, sublinhou. Acrescentou ainda Dom Manuel Imbamba que nestes seus primeiros dias de governação, João Lourenço “galvanizou e motivou os cidadãos a acreditar no futuro, reacendeu as lâmpadas da esperança”. Ressaltou que isso por si só vai facilitar todo o trabalho a ser feito no sentido de moralizar a própria sociedade, de profissionalizar mais os funcionários e responsabilizar os gestores públicos na forma como gerem os assuntos de todos.
“Esse é o sinal de que quer trabalhar para o bem comum e para a alegria de todos, para o país e com o intuito de promover uma governação aberta” Como propostas de questões a abordar, o prelado católico disse ser necessário perguntar ao Chefe de Estado o que se passa com as obras estruturantes já pagas, mas que ainda não foram executadas, bem como apontar responsabilizações no que toca à desflorestação indiscriminada em zonas com sérios problemas de erosão e de falta de chuvas. “Por que razão não se trava essa onda de assassinato da floresta?”.
Questões ligadas à formação ética dos gestores públicos, à exagerada carga política sobre o poder judicial, à despartidarização do Estado, às medidas de combate às assimetrias regionais e à criação de melhores oportunidades de emprego e serviço em todo o país, sem esquecer o período da realização das autarquias, entre outras questões, constam no leque de propostas do prelado católico a nível interno do país. A nível do estrangeiro, o arcebispo coloca a questão da diplomacia activa para angariar mais investimentos, bem como a correcção da imagem feia que se tem projectado para fora do país e tudo fazer para melhorar essa imagem. “Já está a ser feita muita coisa internamente, mas é preciso que fora também consigamos impirimir uma imagem mais positiva para ganharmos confiança e credibilidade junto das instituições que podem ajudar- nos”, sublinhou.
Por seu turno, o bastonário da Ordem dos Advogados, Luís Paulo, considerou ser sinal de um novo paradigma, muito bem pensado, a convocação do encontro com os jornalistas por serem o barómetro da sociedade e conhecedores da situação real do mundo. “É impensável governar sem ouvir a sociedade e sem ter noção real das suas principais preocupações. Numa democracia representativa os processos de auscultação são muito importantes e, por tal razão, essa é uma medida muito bem pensada. Portanto, é importante que existam espaços públicos de debate e de troca de opiniões e com os jornalistas isso será feito de forma mais profícua e eficaz para o actual contexto de Angola”, sublinhou.
Por outro lado, o jurista aponta como questões a serem colocadas as que se ligam ao poder judicial e à reforma da justiça, temas sobre os quais ainda pouco ou nada se fez em concreto. “Nós gostaríamos de ver abordadas, em pormenor, questões atinentes ao poder judicial, concretamente sobre a credibilização dos órgãos de justiça. Diz-se que o poder judicial é o pilar da sociedade e até agora, decorridos cem dias, ainda não temos nomeados os presidentes de três tribunais superiores, por exemplo o Tribunal Supremo”, frisou. Ainda assim, Luís Paulo disse fazer também uma avaliação positiva do processo governativo de João Lourenço nestes primeiros cem dias, mormente no domínio da reforma económica.
“A avaliação feita nós reputamos de extremamente positiva, desde logo no domínio económico. Portanto, vimos que houve bastante coragem, coerência e determinação na abordagem de temas sensíveis, tais como o combate à corrupção, o branqueamento de capitais e as medidas que foram tomadas de natureza económica”, asseverou. Luis Paulo considerou igualmente que no domínio da diplomacia económica externa foram tomadas medidas muito importantes, tendo destacado a medida de supressão de vistos em passaportes ordinários entre Angola África do Sul e Moçambique. A conferência de imprensa foi convocada pelo secretário para os Assuntos de Comunicação Institucional e Imprensa do Presidente da República, Luís Fernando, que realçou haver interesse do Chefe de Estado para interagir com os jornalistas de forma regular.