O advogado Sérgio Raimundo afirma que está a defender a empresária Isabel dos Santos, em processos judiciais que correm os seus trâmites em Angola, essencialmente, gratuitamente, em honra e homenagem e memória do antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos
“Nunca cobrei honorários a Isabel [dos Santos], em honra e homenagem a seu pai que, como qualquer ser humano, come- teu os seus erros”, lê-se numa nota enviada ao jornal OPAÍS. O causídico explica que partindo do princípio de que o homem é um ser imperfeito, tudo de perfeito que realiza acaba sempre por ser imperfeito, mas que, essencialmente, José Eduardo dos Santos fez muitas coisas boas para a Nação angolana.
No seu ponto de vista, agora que ele partiu para outra dimensão da vida, começar-se-á a reconhecer os seus méritos, porque a sociedade já tem elementos bastantes de comparação. Para sustentar a sua tese, citou como exemplo a abolição da pena de morte e a defesa da soberania e a integridade territorial do país.
Apontou ainda a libertação da África Austral como sendo uma das lutas que José Eduardo dos Santos dirigiu, realizando um dos legados do primeiro Presidenta da República, António Agostinho Neto, segundo o qual “na Namíbia, no Zimbabwe e na África do Sul está a continuação da nossa luta”. “O antigo Presidente conduziu o combate pela conquista da paz e conquistou-a de forma inédita na história universal, porque quando tinha tudo para dizimar e fazer desaparecer do mapa o seu adversário político-militar, ordenou para que não se fizesse nem mais um tiro e que se preservassem as pessoas vivas para negociar a paz, sem qualquer pressão ou intervenção externa”, de- talhou. Sérgio Raimundo afirma que o antigo Presidente da República “iniciou, bem ou mal, o processo de reconciliação e de reconstrução nacional.
Só para citar alguns exemplos da sua trajectória”, acrescentando que “há coisas que valem muito mais que o dinheiro, por isso nem tudo faço por dinheiro”. O advogado prestou essa informação em reacção à manchete deste jornal da edição de Sexta-feira, 28, que o coloca entre os advogados que estão a ganhar “milhões” com a defesa da empresária Isabel dos Santos, em diferentes batalhas judiais. “É falsa a ideia de que eu esteja a facturar milhões, pois não sou da estirpe de pessoas que procuram construir a sua felicidade na base da desgraça ou infelicidade dos outros”, frisou, salientando que não enviou a Isabel dos Santos e muitos outros alguma nota de cobrança de honorários.