Pedro Mucumbi Dala fez esta denúncia em entrevista concedida aO PAÍS, esta Segunda-feira, 19, quando reagia à uma outra do seu correligionário João da Silva Bengui, publicada na nossa edição de Sábado, em que é acusado de práticas de corrupção e nepotismo no seio do partido.
POR: Ireneu Mujoco
João da Silva Bengui, secretário para a Ciência e Tecnologia da FNLA, é o porta- voz de um grupo de 138 membros do Comité Central(CC), que no dia 14 de Fevereiro endereçou um abaixo assinado ao Tribunal Constitucional(TC), exigindo a demissão incondicional de Pedro Mucumbi Dala. Em sua defesa, o político disse que os subscritores da carta não têm competência para destituí-lo, porém a sua intenção central é atingir o presidente do partido, Lucas Ngonda, cujo grupo é liderado por João da Silva Bengui, sobrinho do próprio líder.
Sublinhou que a maior parte desses membros foi exonerada, sendo que alguns estão sob alçada disciplinar, por terem violado a disciplina partidária, cujo processo segue a tramitação no gabinete jurídico do partido. Deste grupo, segundo o secretário- geral da FNLA, há uma facção que é liderada por João da Silva Bengui, e integra ainda André Nicodemos, Daniel Landa, Rómulo dos Santos, Inocência Fernando Dala e Kiaku Samuel, respectivamente. Explicou que durante a última reunião do Comité Central, realizada no princípio deste mês, no Complexo 15 de Março, em Viana, João da Silva Bengui convidou Lucas Ngonda a abandonar a liderança do partido, sob pena de ser forçado a fazê-lo. Segundo o entrevistado deste jornal, o líder do partido ficou assustado e sem fólego com tal pronunciamento inesperado, numa altura em que o seu mandato ainda não expirou.
“Eu nunca vi o presidente tão exausto como naquele dia”, sublinhou Pedro Dala, acusando ainda João da Silva Bengui de conspirar contra si, e de tentar implantar o regionalismo. “O facto de ser sobrinho do presidente, quer assumir o lugar do tio como se estivéssemos numa monarquia”, desabafou o segundo homem na hierarquia desta tradicional força política. Pedro Dala denunciou ainda que o facto de o presidente ser originário do município do Sanza Pombo, província do Uíge, João da Silva Bengui e o seu grupo defendem que todos os responsáveis ou membros do partido “tinham de ser também de lá”.
Não à chantagem
Pedro Dala declarou que em momento algum o seu partido vai aceder a qualquer tipo de intimidação ou chantagem desse grupo que chamou de “regionalistas e oportunistas”. O político defende que quem quiser liderar o partido deve reunir os requisitos exigidos pelos estatutos e concorrer num congresso ordinário ou extraordinário, mas “nunca fora disto”, explicou. Avançou que o seu partido tem conhecimento de uma manifestação que este grupo pretende realizar na sede nacional do partido, nos próximos dias, para forçar o presidente a demitir-se, mas garante que não encontrarão a receptividade desejada. Reforçou ainda que parte dos membros querem levar esta rebelião na vã tentativa de evitar que sejam indiciados em crimes de desvio de dinheiro e bens dados pelo partido, durante a campanha eleitoral das eleições de 2017.
“Muitos destes membros estão nesta condição, e querem fazer esta confusão para não prestarem contas”, revelou, exemplificando o caso de Kiaku Samuel. Este, segundo Pedro Dala, até recentemente usava uma viatura do partido em serviços de táxi, fazendo o percurso Luanda- Uíge-Sanza Pombo, e vice-versa. Só deixou de o fazer depois que a mesma viatura, um jeep, cujo modelo a fonte não revelou, acidentou na província do Uíge, tendo causado a morte a 12 pessoas, e o processo corre os seus trâmites nos Serviços de Investigação Criminal(SIC) do Uíge. Entretanto, o secretário-geral convidou a presumível “Quinta Coluna” para abdicar da sua intenção, sob pena de os seus mentores serem responsabilizados civil e criminalmente.