O líder da UNITA classificou, na tarde desta Quinta-feira(14), o desempenho do Chefe de Estado ‘surpreendente’, uma vez que alega ter sido eleito pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) e esperava uma actuação contrária.
POR: Norberto Sateco
Discursando na abertura da terceira reunião da Comissão Política do seu partido, Isaias Samakuva fez questão de sublinhar que “o Presidente João Lourenço, nos seus primeiros 100 dias de governação, tem estado a dar alguns sinais de que pretende corresponder às expectativas e anseios dos angolanos, no sentido da mudança efectiva”. O dirigente do “Galo Negro” salientou também que o MPLA, face às questões inerentes ao patriotismo e às forças de bloqueio, teve de fazer mea culpa reconhecendo que a corrupção foi sustentada pelo próprio partido-Estado.
Deste modo, segundo sustentou Samakuva, a atitude do Chefe de Estado o coloca mais próximo das aspirações do povo. Sobre a alegada informação segundo a qual o discurso de João Lourenço silenciou a Oposição, diz tratar-se do contrário. “Algumas pessoas afirmam erradamente que o Presidente deixou a Oposição sem discurso.
Estão enganados, pois é exactamente o contrário. É o Presidente da República que está a vir ao encontro da mudança. E é assim que deve ser, porque se o senhor Presidente da República adopta uma agenda de Estado, a agenda do povo, então concretiza-se a democracia”, sublinhou. Considerou também, o líder do principal partido da Oposição em Angola, que “os angolanos estão a testemunhar, pela primeira vez, o MPLA a fazer “mea culpa” ao vir reconhecer que foi ele que instituiu a corrupção em Angola.
“Afinal a UNITA tinha razão”. Por outro lado, Samakuva considerou como crucial para a efectivação do combate à corrupção que o Governo pretende implementar, ser imperiosa a criação de comissões parlamentares para fiscalizar os actos do Executivo, tendo aconselhado a uma maior fiscalização às contas da Sonangol, a recuperação do Banco Espírito Santo Angola (BESA), agora Banco Económico, bem como o desempenho do Fundo Soberano. Samakuva elencou como questões de segundo plano a apresentação de relatórios da antiga governação sobre o estado das finanças públicas.
“Tem de dar a indicação expressa sobre os 130 mil milhões de dólares que o Parlamento colocou sob a sua guarda entre os anos de 2011 e 2014, no quadro das reservas criadas fora do OGE com base no preço do barril de petróleo”. O líder do maior partido da Oposição questionou, igualmente, quem capturou as reservas do Estado, assim como das suas divisas, fazendo alusão à afirmação do Presidente da República, João Lourenço, ao reconhecer que existem divisas fora das contas do Estado angolano.
O líder dos ‘maninhos’ revelou, baseando-se em pesquisas, que as reservas do Estado andam avaliadas em 75 mil milhões de dólares, colocando-se na sexta posição no continente. “Esta riqueza foi gerada pela economia nacional, mas não está registada nas contas nacionais”, disse. Considerou, por outro lado, surpreendentes as mudanças que o Presidente João Lourenço fez em quase 100 dias, mas Samakuva entende não ser suficiente, alegando ser preciso sair do discurso para a prática, que deverá, em princípio, ser provada já durante a aprovação do OGE.
O líder da UNITA reiterou a necessidade de se despartidarizar o Estado, para que o combate à corrupção seja realmente efectivo. “Este é um momento decisivo do nosso país. Se Angola pretende mesmo combater a corrupção, o ponto de partida é a despartidarização do Estado”, referiu. Salientou também, aquele dirigente, a necessidade da implementação das autarquias para repartir a gestão dos equipamentos ao nível dos municípios.
Entretanto, o conclave que decorrerá em três dias, congregando todos os membros daquela formação política ao nível nacional, vai abordar questões da vida interna do partido, tais como as contas e a estratégia para os próximos desafios, com destaque para a decisão que irá determinar o futuro de Isaías Samakuva, a ser conhecida, em princípio, neste Sábado.