A transição na presidência do partido, que não constava entre os pontos da agenda, acabou por dominar o encontro de ontem, Sexta- feira, 16, no Complexo do Futungo II, em Luanda
POR: Dani Costa
Um encontro do Bureau Político do MPLA no próximo mês de Abril e um outro mais mais alargado, do Comité Central do mesmo partido, em Maio, isto é, um mês depois, deverão criar as condições necessárias para a possível realização, até Junho ou Agosto, de um Congresso Extraordinário para definir a presidência do partido no poder. Esta decisão constitui um dos pontos fortes da reunião do Comité Central do MPLA, que teve lugar ontem, no Complexo do Futungo II, em Luanda, aberto pelo líder desta formação política, José Eduardo dos Santos.
A reunião previa, apenas, analisar os relatórios do Bureau Político ao Comité Central, balancear o grau de cumprimento do Plano Geral de actividades do ano de 2017, o parecer da Comissão de Disciplina e Auditoria desta formação política, assim como o relatório e contas da execução do orçamento geral do partido referente ao ano de 2017. A possibilidade da realização de um congresso extraordinário dos camaradas, amplamente difundido por alguns círculos do próprio partido, acabaram sendo confirmadas durante o discurso de abertura de José Eduardo dos Santos. O presidente do MPLA desfez todas as dúvidas em relação a alguns camaradas seus, sobretudo os ligados ao Comité Provincial do partido de Luanda, que partiram para o encontro de ontem com uma proposta, com prazo mais leve que apontado por José Eduardo, isto é entre Dezembro de 2018 e Abril de 2019.
José Eduardo dos Santos, que a nível do secretariado do Bureau Político prometeu se envolver ‘pessoalmente no grupo de trabalho que vai coordenar a implementação da estratégia do Partido para preparar as condições durante o ano de 2018 para as eleições autárquicas, recomendou, durante a abertura do conclave, que fosse mais ‘prudente que a realização do Congresso Extraordinário seja ou em Dezembro de 2018 ou em Abril de 2019’. ‘O MPLA deve desde já centrar as suas preocupações no processo das primeiras eleições autárquicas que se vão realizar no país, a fim de prepararmos as nossas estruturas para a mobilização dos militantes, simpatizantes e amigos para a disputa de mais este pleito eleitoral, do qual pretendemos sair vitoriosos’, sugeriu, antes, o actual presidente do partido no poder.
No auge da discussão política, em que entre os intervenientes sobressaíram principalmente o deputado Adriano Botelho de Vasconcelos, antigo secretário- geral da União dos Escritores Angolanos (UEA), o ex-ministro do Interior e responsável pelo processo de desminagem, Santana André Pitra Petroff, e o veterano José Domingos Francisco Tuta ‘Ouro de Angola’, a realização do conclave num período antes de Dezembro voltou a ser relançada. O próprio líder do MPLA, José Eduardo dos Santos, segundo fontes a que OPAÍS teve acesso, terá garantido aos seus pares que não pretende se perpetuar no poder, razão pela qual o assunto tinha que ser discutido com a maior seriedade possível, isto é longe dos entusiamos que alguns demonstravam durante o encontro desta Sexta-feira, 16. ‘O presidente salientou que nunca pretendeu exercer este cargo durante a vida toda’, contou um dos membros do Comité Central do MPLA. Face as divergências ainda existentes em torno da data do congresso extraordinário, o encontro de reflexão do Bureau Político do próximo mês cingir-se-á igualmente no ‘fortalecimento do MPLA e o reforço da sua coesão interna’.
Relatório das eleições aprovado
O partido no poder aprovou ontem o Relatório sobre a participação do MPLA, nas Eleições Gerais realizadas a 23 de Agosto de 2017, que o MPLA venceu com maioria qualificada. No seu comunicado final, os camaradas consideraram que ‘o resultado favorável alcançado nas Eleições Gerais de Agosto de 2017 deveu-se à forte acção político-partidária empolgante, galvanizadora e determinante, desenvolvida pelo MPLA’. No mesmo documento, o Comité Central reitera os seus agradecimentos aos militantes, simpatizantes, amigos e o povo em geral, pela contribuição e apoio prestados ao MPLA e ao seu candidato a Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço. Por outro lado, foram também analisados e aprovados o Relatório do Bureau Político ao Comité Central referente ao ano 2017, o Balanço do Grau de Cumprimento do Plano de Tarefas, bem como o Relatório e Contas da Execução do Orçamento Anual do Partido.
O Relatório de Actividades da Comissão de Disciplina e Auditoria, referente ao Ano de 2017, foi outro dos documentos aprovados. “O Comité Central apreciou a informação relativa às linhas de força sobre a participação do MPLA no processo de implementação das Autarquias Locais e tomou nota do conjunto de tarefas políticas, administrativas, técnicas e de produção legislativa que serão objecto de calendário que compreenderá o momento de intervenção de cada um dos órgãos de soberania”, lê-se ainda no comunicado final do Comité Central, que encorajou os esforços do Presidente da República, João Lourenço, tendo sido igualmente informado sobre o Programa de Apoio à Produção Nacional, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI) e encoraja o Executivo a prosseguir com os esforços para a sua materialização com êxito.