Depois de eleger dois deputados em 2017 pelo círculo eleitoral provincial de Cabinda, a CASA-CE, que integra os partidos PALMA,PNCA, PADA-Ap e PDP-ANA parece caminhar, na província mais ao Norte do país, para o “abismo” face aos últimos resultados eleitorais onde não conseguiu eleger um único parlamentar contra os 16 que obteve na legislatura anterior
Cerca de mil e 500 militantes da Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coligação Eleitoral (CASA-CE) abandonaram esta coligação política em Cabinda e apresentaram-se, no último Sábado, como novos militantes da UNITA. Entretanto, apesar da confirmação da deserção, o coordenador adjunto da comissão de gestão da CASA-CE na província, José Agostinho Puati, contesta os números apresentados, dizendo que foram apenas 22 desistentes.
Dos militantes que abandonaram a coligação, destacam-se o secretário provincial cessante, Daniel Ngimbi, o responsável pelos assuntos eleitorais, Nelson Fuca, o representante da CASA- CE na Comissão Nacional Eleitoral (CNE), Afonso Bungo, e a líder da mulher Patriota, organização feminina da coligação e militante executiva do PDP-ANA, Sónia Fontoura.
Os membros acima referidos, a par do coordenador que ainda se mantém fiel a esta formação política, constituíam o núcleo duro da CASA-CE em Cabinda, depois de muitos militantes o terem abandonado em solidariedade com Abel Chivukuvuku, depois de este ter deixado a liderança da coligação. Em declarações ao jornal OPAÍS, os militantes demissionários afirmaram que as péssimas políticas actuais da CASA, e a falta de transparência na gestão dos fundos públicos alocados à coligação, foram dos muitos motivos que levaram a abandonar e aderir à UNITA.
O antigo responsável máximo da coligação em Cabinda, Daniel Ngimbi, criticou severamente o comportamento e as ambições particulares dos líderes em detrimento de estarem preocupados em dar soluções aos problemas colectivos do país. “Na fase eleitoral presenciamos como foram geridos os recursos financeiros recebidos do Estado. Constatamos que os presidentes dos partidos políticos coligados na CASA-CE estavam mais preocupados em organizar as suas vi- das particulares em vez de resolver a vida política”, desabafou.
Segundo Daniel Ngimbi, a CA- SA-CE, em Cabinda, “já não tem futuro” pois existem muitos militantes que pretendem abandonar a coligação política. Nota-se que a actividade partidária da coligação na província está apática e há um descontentamento no seio dos militantes. A falta de reacção das estruturas centrais, bem como a falta de consenso quanto à sua transformação em partido político tem prejudica- do o trabalho da coligação na província.
“Ficamos motivados em abandonar a CASA-CE, porque no- tamos ser impossível recuperar o trabalho e o protagonismo que granjeou no passado aqui em Cabinda com a actual atitude do presidente Manuel Fernandes e dos líderes dos outros partidos coligados”, justificou Daniel Ngimbi. Afonso Bungo, representante da coligação na CNE, que também abandonou a formação política, disse ter chegado a hora da mudança face a crise que a CASA-CE está a atravessar neste momento.
Números exagerados
O actual coordenador adjunto da comissão de gestão da CASA-CE em Cabinda, José Agostinho Puati, confirmou ao jornal OPAÍS a deserção de alguns militantes da coligação para a UNITA, mas con- testa os números apresentados. “Estes números não condi- zem com a verdade. São apenas 22 membros que abandonaram a CASA e foram para a UNITA”, esclareceu. De acordo com José Puati, a razão do seu abandono foi a recusa deles em ingressar voluntaria- mente num dos partidos políticos que integram a coligação, em cumprimento de uma decisão da estrutura central.
A decisão -explicou- foi de que todos que não tinham filiação política deveriam enquadrar-se num dos partidos políticos que com- põem a coligação, já que, como referiu, a crise da CASA-CE deve-se à existência de pessoas independentes que não têm qualquer filiação política. “Uma coligação não pode ser assim”, afirmou.
Apesar da crise reinante no seio da coligação, José Puati garantiu que aquela formação política está a trabalhar para reorganizar toda máquina eleitoral para concorrer com êxito para as autarquias e as eleições de 2027. O nosso entrevistado, que é igualmente o secretário provincial do PDP-ANA em Cabinda, mostrou reticências ao pronunciar-se sobre a posição de Cabinda quanto à transformação da coligação em partido político. “Vamos cumprir as decisões que vierem lá de cima”, finalizou.
POR: Alberto Coelho, em Cabinda