Funcionários das embarcações da pesca artesanal estão a desviar e a vender o peixe em alto- mar sem o consentimento dos responsáveis, situação que está a preocupar o presidente da Associação de Pesca Artesanal, Semi-Industrial e Industrial de Luanda (APASIL), que fala em tomadas de medidas para travar a situação
O responsável da APASIL disse que o roubo de peixe em altomar está a prejudicar grandemente os proprietários das embarcações que têm custos elevados, muitos dos quais estão sob apertos de créditos bancários.
Manuel Azevedo, que condena a prática, disse que os desvios são feitos em pontos distantes, fora do alcance dos proprietários, chegando aos pontos de descargas com quantidades inferiores ao que foi pescado.
Para travar essa situação, Manuel Azevedo anunciou a tomada de algumas medidas tal como a caracterização de algumas embarcações com o nome do porto, sendo que os pescadores passarão a usar coletes para melhor identificação.
Pesca de arrasto em Cacuaco
Por sua vez, o presidente da Cooperativa de Pescadores kilamba Kiaxi, Esteves António, referiu que o arrastão de peixe em fase de crescimento e desova prejudica a todos, pois anteriormente o peixe era capturado a poucos quilómetros e actualmente é preciso chegar até à Barra do Kwanza.
O responsável da cooperativa, situado no município do Cacuaco, disse que alguns estrangeiros, como é o caso dos vietnamitas, santomenses e congoleses estão a capturar o peixe ainda em fase de crescimento e a prejudicar a actividade pesqueira.
Neste momento, sublinhou Esteves António, regista-se uma redução na captura do pescado por causa do método utilizado com a rede zero que retira o pescado ainda na fase de crescimento.
Lamenta o facto de, neste momento, a cooperativa conseguir capturar apenas 10 toneladas de pescado por mês contra as anteriores 20 toneladas.
“Existem mais de 40 embarcações em miniatura de arrasto que, além de pescarem o choco e gamba, também tiram o peixe ainda pequeno”, revelou, acrescentando que já denunciou às autoridades e ao centro regional das pescas para tomarem as devidas medidas.
Para o responsável associativo, o governo deve tomar medidas, proibindo se possível o uso da rede zero que é prejudicial ao crescimento do pescado. Caso esse processo continue, alerta, haverá escassez de cardume.
A Cooperativa Kilamba Kiaxi dispõe de sete embarcações e neste número quatro já beneficiam dos cartões de subvenção para o combustível trabalha com 12 associados e 40 pescadores.
Importa realçar que, há dois anos, o presidente da APASIL, Manuel Azevedo, denunciou que pescadores estavam a ser vítimas de assalto à mão armada, em alto mar, realizados entre as zero horas e as 03 da madrugada, por grupos de homens armados de pistolas e AKM47 “Estamos constantemente a dar queixa e a trabalhar com a polícia.
Neste momento, estão reunidos alguns pescadores e cooperativas na Barra do Bengo e em Cacuaco para podermos avaliar essa situação”, explicou.