O presidente da UNITA, adalberto Costa Júnior, defendeu um processo de paz eficaz para a província de Cabinda, uma região que considera “ainda ter guerra, onde ainda se morre e onde ainda há violações dos direitos humanos”
O líder do maior partido da oposição em Angola fez esse pronunciamento no aeroporto nacional Maria Mambo Café, logo à chegada à província de Cabinda, onde vai orientar os trabalhos das XII jornadas parlamentares da UNITA que começam hoje, quinta-feira, na província mais ao norte do país.
Para o presidente Adalberto Costa Júnior, “não é aceitável que uma parte do território nacional ainda tenha guerra, onde ainda se regista mortes de cidadãos e ainda haja violações graves dos direitos humanos.” “Nós devemos fazer tudo, mas mesmo tudo, que estiver ao nosso alcance para ver se ajudamos a virar essa página”, sublinhou o líder da UNITA.
Questionado sobre o que a UNITA pretende fazer para pacificar a província de Cabinda, o líder polí- tico respondeu: “Durante este último ano, preparamos a legislação para podermos ir ao encontro daquilo que foram as nossas promessas e vamos conversar durante as jornadas parlamentares com as populações e avaliar o nível de desenvolvimento socioeconómico da região.
De acordo com Adalberto Costa Júnior, os deputados da bancada parlamentar da UNITA, que estão em Cabinda em força, vão trabalhar em todos os municípios, mantendo encontros com as populações e vários extratos da sociedade civil, criando maior proximidade entre os cidadãos e o partido.
“Temos a certeza absoluta de que, quando sairmos daqui, vamos deixar em vossas mãos os conteúdos absolutos daquilo que foi a produção dos nossos objectivos em relação à grande expecta- tiva de todos os cabindas”.
Adalberto Costa Júnior, que demonstrou uma grande satisfação de regressar a Cabinda, disse que, terminado o primeiro trimestre de 2025, nada é melhor do que vir à província para as jornadas parlamentares que têm como objectivo o grande apelo da questão da autonomia e do poder local. “São questões caras para os Cabindas no seu todo que foram motivos da nossa campanha.
No ano passado, quando cá estivemos, voltamos a falar bastante sobre essa matéria, trabalhamos muito e fizemos a inserção na Assembleia Nacional daquilo que tínhamos prometido que íamos fazer. Estamos de novo cá para uma actualização, para uma partilha e para uma auscultação, mas também para uma palavra de esperança, porque Angola não está bem”, enfatizou.
Situação militar preocupante
Segundo o partido UNITA, a situação político-militar da província de Cabinda é agravada pela existência, de facto, de uma guerrilha conduzida pela FLEC, Frente de Libertação do Enclave de Cabinda. Para a UNITA, várias expectativas de entendimento com vários dignitários de Cabinda foram goradas, uma vez que a província precisa de uma nova abordagem para concretizar as suas legítimas aspirações de paz, liberdade e prosperidade. “Temos propostas concretas pa- ra esta nova abordagem.
Entendemos que a Assembleia Nacional, no quadro das suas competências políticas e representativas, deve tomar a iniciativa política e agendar a discussão específica de propostas que conduzam à paz democrática em Cabinda”, lê-se numa nota do partido do Galo Negro tornada pública em alusão às XII jornadas parlamentares que decorrem nessa província. No entender da UNITA, o povo de Cabinda não precisa apenas de paz; precisa também de liberdade, democracia, autonomia local, justa redistribuição da riqueza nacional e prosperidade.
“Por isso, enquanto representantes do Povo, vamos a Cabinda para dialogar com as lideranças locais e para auscultar a Socieda- de Civil sobre o Projecto de Lei das Autarquias de nível supramunicipal”, refere a nota. Refira-se que as XII jornadas parlamentares da UNITA iniciam hoje, quinta-feira, em Cabinda sob o lema: “Grupo Parlamentar da UNITA – Pela Autonomia Local ao Serviço do Cidadão”, e têm como objectivos aprofundar o conhecimento sobre a realidade política, social, económica, histórica e cultural de Cabinda, exercer a fiscalização da Administração Pública, consolidar a relação efectiva entre o povo de Cabinda e o Grupo Parlamentar da UNITA, bem como conviver com as comunidades de Cabinda.
O presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, vai proferir, às 11 horas, o discurso de abertura das jornadas parlamentares, que decorrem no Centro Cultural Chiloango, e que têm o termo marcado para o próximo domingo.
POR:Alberto Coelho, em Cabinda