O líder “galo negro” fez esse anúncio na abertura da conferência sobre “Desafios Económicos de Angola e o Orçamento Geral do Estado”, que decorreu ontem, em Luanda. De acordo com Adalberto Costa Júnior, o país tem recursos humanos e naturais suficientes capazes de tirar a sua população da indigência em que está voltada.
Entretanto, segundo disse, “a falta de visão e de patriotismo de quem governa, a população vive na indigência”. Afirmou existirem muitas famílias, hoje, que não conseguem ter uma refeição por dia e chegam ao ponto de procurar migalhas nos contentores de lixo. Durante o seu discurso, o político considerou a situação económica do país de endémica e que, desde 1975, “o pobre nunca esteve nas prioridades nos orçamentos gerais”.
No seu ponto de vista, as políticas gizadas pelo Governo e pelo parti- do no poder, MPLA, nunca tiveram impacto na vida do cidadão. Citou, como exemplo, o Programa de Desenvolvimento Rural e Combate à Pobreza, que diz ter consumido cerca de 5 mil milhões de dólares, mas a pobreza no país aumentou. Na visão da UNITA, para as políticas serem justas, devem ser bem distribuídos os rendimentos, “mas o que se verifica em Angola é que a riqueza beneficia um grupo de pessoas, havendo um número de excluídos”.
O líder da UNITA alertou que este grupo de abandonados pode manifestar os seus descontentamentos nas ruas. Para evitar tais práticas, aconselhou o executivo a erguer infra-estruturas para serem utilizados, e não para serem “elefantes brancos”.
Por sua vez, o deputado da UNITA, Francisco Viana, por sinal, um dos prelectores, defendeu a elabo-ação, da parte do Executivo, de um calendário real de quando pensa acabar com a dependência do pe- tróleo. Francisco Viana, que é também empresário defendeu ainda maior aposta na produção nacional e a redução gradual da subvenção dos combustíveis. Mais, entende que se deve fazer uma aposta forte nas infra-estruturas, sobretudo, na ligação do campo e mercados de consumo.
A conferência “Os desafios económicos de Angola e o Orçamento Geral do Estado” teve como um dos temas “Orçamento Geral do Estado como ferramenta impulsionadora do crescimento económico”, proferido, pelo economista Fernando Heitor, que serviu também para colher contribuições, da sociedade civil, académicos e de outros partidos políticos. Foram convidados pelo governo sombra — que tem como primeiro- ministro, Raúl Tati —, o líder da CASA-CE, Manuel Fernandes, o presidente do Partido de Renovação Social (PRS) e os líderes dos projectos políticos que fazem parte da Frente Patriótica Unida.