O tradicional discurso do Chefe de Estado em relação ao actual Estado da Nação, de acordo com os preceitos estabelecidos pela Constituição da República de Angola, está a ser aguardado com bastante expectativa por parte não só da classe política, como também dos demais cidadãos.
Nas cidades do Lubango e Moçâmedes, capitais das províncias da Huíla e Namibe, os cidadãos que falaram à nossa reportagem esperam que João Manuel Gonçalves Lourenço apresente soluções para os vários problemas que afligem a sociedade angolana.
Entre os problemas apontados pelos nossos interlocutores o desta- que recai para o controlo da inflação, a valorização do kwanza face a moedas estrangeiras, a aposta na agricultura familiar, atenção especial à mulher jovem e crianças, mais atenção ao sector cultural e das artes, com vista a dinamizar a actividade artística fora de Luanda.
Reacções
Sobre os problemas que afligem a mulher jovem, os nossos entrevistados falam da necessidade de o Presidente da República prestar uma particular atenção à promoção da igualdade do género, educação acessível e capacitação profissional, como defende Elena Radim Senga, activista dos direitos da mulher no Lubango.
“Espero que o Presidente aborde a situação das mulheres jovens, enfatizando a necessidade de políticas que promovam igualdade de género, educação acessível e capacitação profissional, criar políticas públicas viradas à saúde sexual e reprodutiva da mulher jovem. Seria importante destacar iniciativas para combater a pobreza, melhorar o acesso à saúde e garantir que as jovens tenham voz nas decisões políticas.
Um foco em parcerias e investimentos que beneficiem directamente as mulheres jovens pode ser um ponto crucial para o desenvolvimento sustentável”, disse. João Francisco, antigo secretário provincial do Sindicato Nacional dos Professores na província da Huíla, referiu que o discurso do Presidente da República deve ser orientador, que possa guiar os destinos do país a partir de hoje, 15 de outubro.
“O discurso do Presidente da República deveria ser um discurso orientador daquilo que são as políticas de salvaguardar os interesses das populações a partir do 15 de Outubro, deveria ser um discurso que vai orientar o Executivo a promover condições que alivia a sobrecarga socioeconómica das populações, é preciso investir mais na agricultura familiar, com a redução dos imputes agrícolas.
A prova disso está mesmo aí no quilómetro 40, onde a produção familiar alimenta o mercado de Benguela e de Luanda, por isso, gostaria que o Presidente da República incidisse o seu discurso na orientação sobre a distribuição dos imputes agrícolas, promoção da agricultura familiar, que é que resolve de forma imediata a situação da fome nos lares”, afirmou.
Outras reacções
Por seu lado, Linda Sapalo, empreendedora da cidade de Moçâmedes, disse que a situação socioecónomica do país não é das melhores, facto que faz com que muitas famílias ainda vivam nu- ma pobreza extrema, com consequências catastróficas, sobretudo para os jovens que encontram na delinquência e prostituição uma saída.
Por isso, disse, é necessário que o Presidente da República traga no seu discurso sobre o Estado da Nação não relatórios das actividades já desenvolvidas, mas soluções para estes e outros problemas sociais. Já a funcionária pública da província do Namibe, Palmira Sampaio, afirma igualmente que é imperioso que o PR fale da necessidade de apostar na formação técnico-profissional dos jovens e que se apoie as suas iniciativas.
“Bem, como jovem, o que espero é que o nosso PR tenha uma atenção especial à cesta básica, no emprego para os jovens ou na entrega de kits profissionais, e apertar mais o cerco no quesito segurança pública e, por fim, construir mais habitações sociais, sem esquecer a violação sexual a menores, que tem sido uma situação muito complicada”, apelou.
Pedro Caveto, membro da Aliança Cívica da Huíla, espera que o Presidente da República traga um discurso mais realista sobre o actual estado da Nação, para que se possa encontrar soluções à altura dos problemas do país.
“Enquanto jovem e angolano, para o discurso da nação que o Presidente fará nas primeiras horas de hoje, dia 15, na Assembleia Na- cional, espero que seja um discurso mais realista sobre aquilo que é a verdadeira Angola, e não nos apresente relatórios falsos como nos discursos anteriores, pois, nos discursos anteriores, notou-se que o Presidente da República tem sido enganado pelos seus auxiliares.
Espero que o Presidente to- que em aspectos de tamanha importância na vida dos angolanos, como a inflação. Neste momento, o angolano morre de fome num olhar do Presidente da República, não é possível ter uma cesta básica com o salário mínimo, temos um nível de pobreza extrema, pessoas a morrerem de fome num país tão rico” exteriorizou.
O artista plástico do município do Lubango, Cláver Cruz, espera que o Presidente da República, no seu discurso sobre o Estado da Nação, fale também da atenção que o seu executivo vai prestar ao sector das artes, com vista à valorização dos seus actores.
POR:João Katombela, na Huíla