Angola está representada ao mais alto nível na 79.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, que decorre em Nova Iorque, Estados Unidos da América. O Presidente da República, João Lourenço, discursou ontem na Cimeira do Futuro, tendo defendido a necessidade de se colocar as pessoas mais pobres e vulneráveis no centro das acções
O Presidente da República, João Lourenço, defendeu ontem a união de esforços para a construção de uma nova arquitectura de paz que tenha sempre no centro das abordagens a defesa dos direitos humanos, da igualdade do género e do “imperativo de não se deixar ninguém para trás”.
Ao intervir na Cimeira do Futuro, que decorre na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, o Chefe de Estado angolano defendeu a necessidade de se colocar como ponto principal na construção de um futuro sustentável para todos o incremento da luta em favor da erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza extrema, que considerou como o maior desafio global dos tempos actuais e o requisito indispensável para se alcançar o desenvolvimento sustentável, a segurança alimentar, o acesso à energia, à conectividade digital, à educação, ao emprego e à protecção social.
“Não podemos realizar as nossas ambições comuns para o futuro e enfrentarmos este grande desfio sem colocarmos as pessoas mais pobres e vulneráveis no centro das nossas acções, e garantirmos dessa forma que nenhum ser humano ou país fique para trás”, disse.
João Lourenço reafirmou a necessidade da evolução para uma arquitectura de paz em que o princípio da segurança partilhada seja defendida e protegida por todos, de modo que nenhum cidadão, Estado, região ou zona geográfica se sinta protegido à custa da insegurança de outros.
Sublinhou que a República de Angola defende que não é possível construir-se um mundo equilibrado, seguro e sustentável em que a dignidade e o acesso às oportunidades sejam um benefício exclusivo de um pequeno grupo de privilegiados em detrimento da maioria da população mundial.
Hegemonia financeira
No que respeita à hegemonia financeira mundial, o Presidente angolano defendeu igualmente a necessidade de se alcançarem consensos sobre a reforma da arquitectura financeira mundial e da arquitectura da dívida soberana mundial, sendo para isso crucial a existência de um sistema financeiro internacional mais justo e capaz de servir também os interesses dos países em desenvolvimento.
Feitos angolanos
O Presidente João Lourenço lembrou que Angola tem feito, nos últimos tempos, uma aposta decisiva e responsável na questão da transição da economia, para a digitalização de todos os processos que a envolvem.
“Estamos convencidos de que, ao darmos este passo, colocaremos as nossas populações e instituições mais próximas e vinculadas aos mecanismos mais modernos de interconexão global da economia e do comércio, reduzindo assim as barreiras geográficas que a economia tradicional impõe”, sublinhou.
Pacto para o Futuro A 79.ª Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, por consenso, em Nova Iorque, o “Pacto para o Futuro” e os seus anexos, cuja novidade recai para os acordos inéditos sobre a governação internacional da Inteligência Artificial e desarmamenções Unidas, António Guterres, considerou o marco essencial no processo de reforma do sistema multilateral, assim como para enfrentar os desafios mundiais urgentes, tendo afirmado que os referidos documentos resgatam o multilateralismo do abismo.
Já o Chefe de Estado angolano referiu que, na implementação deste roteiro global, não se pode deixar de fora a juventude e as mulheres, que são motores vitais de transformação e modernização da humanidade.
“Como todos nós podemos verificar, o Pacto para o Futuro oferece uma oportunidade para uma participação mais activa, significativa e actuante dos jovens e das mulheres na tomada de decisões a todos os níveis”, salientou.
“Não deixar ninguém para trás” é o tema central da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas deste ano. A ONU quer trabalhar de forma inclusiva para promover o desenvolvimento sustentável e a dignidade humana para as gerações presentes e futuras.
Situação actual da organização comunitária
À margem da 79.ª Assembleia Geral ONU, Angola, na qualidade de Presidente em exercício da OEACP, Organização dos Estados de África, Caraíbas e Pacífico, dirigiu ontem a reunião desta comunidade.
O Presidente João Lourenço, ladeado de Georges Chikoti, que exerce as funções de secretário-geral da OEACP, conduziu o cumprimento do programa de trabalho, que teve como um dos temas-chave ‘os desafios financeiros’ que, como disse, “se não forem resolvidos, arriscam-se a minar a capacidade da organização de servir eficazmente os interesses dos povos e de defender as aspirações que uniram os 79 Estados-membros”.
Preocupação
Um outro tema premente sobre a mesa da OEACP foi a situação no Haiti, país do Caribe que está a viver uma grave instabilidade política e uma deterioração do ambiente de segurança.
A respeito, a reunião adoptou uma Declaração a manifestar ampla solidariedade para com o povo haitiano, merecedor – nas palavras do Presidente em exercício da OEACP, João Lourenço – de um “apoio tangível” e de “ter ao seu lado todos neste momento de necessidade”.