O sentimento consta de uma mensagem enviada à família do malogrado, em que o estadista alude que, com profunda consternação, recebeu a notícia do trágico acidente que vitimou Ismael Mateus, activo membro do Conselho da República e jornalista, radialista e escritor de grande gabarito.
“Angola perde um intelectual que, na sua acção interventora na vida pública, sempre soube aliar um elevado sentido crítico com o civismo e o respeito pelas instituições democráticas.
Essa postura responsável era um exemplo para as gerações mais jovens, que viam nele um mestre e um modelo a seguir”, lê-se na mensagem dirigida à família do inditoso.
Na mesma mensagem, o Presidente da República refere ainda “com uma legião de seguidores e admiradores, também como escritor de ficção, a prematura morte do cidadão Ismael Mateus empobrece o nosso jornalismo e a nossa cultura”.
À família enlutada, aos seus amigos e colegas, João Lourenço expressa as mais sentidas condolências, esperando que saibam ultrapassar, no respeito dos seus feitos e da sua memória, tão doloroso momento.
De referir que Ismael Mateus morreu ontem, vítima de acidente de viação, por despiste da viatura, na avenida 21 de Janeiro, imediações do Comando da Força Aérea Nacional, em Luanda.
O malogrado
Com passagens em diversos órgãos de comunicação social em Angola, entre os quais a Rádio Nacional desde 1981, Ismael Mateus nasceu em Luanda, a 6 de Julho de 1963. Foi membro fundador do Sindicato de Jornalistas Angolanos (SJA) e membro da União dos Escritores Angolanos.
Desde 1985, publicou textos de opinião, inicialmente na Rádio Nacional de Angola, sob os títulos “Dia a Dia na Cidade” e “Bué de Bocas”.
Na Rádio Luanda Antena Comercial (LAC), escreveu para a rubrica “Recados para o meu chefe”. Posteriormente, vi- ria a publicar textos de opinião nos jornais Angolense, Cruzeiro do Sul e no Semanário Angolense. Até à data sua morte, apresentava a sua visão no programa homónimo, sob condução de Iracelma Arnaldo, na Rede Girassol.
Livros publicados
Publicou o seu primeiro livro em 1992, a colectânea de textos radiofónicos “Bué de Bocas”, numa edição da Edipress. Lançou também a obra “Ascensão e Queda, de Bartolas Matias”. Foi coordenador da colectânea de textos “Angola, a Festa e o Luto”, lançado por ocasião do 25.° aniversário da Independência Nacional, em 2000.
Em 2001, pela editora Nzila, publicou o seu primeiro romance, com o título “Os tempos de YaKalaya”. Em 2003, publicou o livro “Sobras de Guerra”. Em 2022, em simultâneo, colocou à disposição dos leitores três novos livros de sua autoria, designadamente “Vidas de Mafumeira’’, “Recados aos meus amigos políticos” e “Diários de Amores e Mentiras”.
Academia
Enquanto académico, foi professor na Universidade António Agostinho Neto (UAN), leccionando as cadeiras de Método de Investigação Jornalística, Socioeconomia dos Mídia e História de Imprensa.
Ismael Mateus pertence à primeira nata de jornalistas angolanos formados na área de actuação, em que despontam outros nomes como Joaquim Paulo, Amílcar Xavier, Albino Carlos, Maria Otília de Almeida, Jorge Antunes e tantos outros.