A capital do Zimbabwe, Harare, foi palco, ontem, da 2.ª Cimeira Extraordinária dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), convocada de emergência pelo Presidente Emmerson Dambudzo Mnangagwa, que preside a organização, na sequência do recrudescimento da violência no Leste da República Democrática do Congo (RDC).
Há pouco mais de uma semana, o grupo rebelde do Movimento 23 de Março (M23) e as Forças de Defesa do Ruanda (RDF) tomaram o controlo da cidade de Goma, capital da província do Kivu-Norte.
O objectivo principal da cimeira foi avaliar a situação política e de se gurança na região e procurar uma solução pacífica e duradoura para o conflito entre o Ruanda e a RDC.
A sessão foi aberta com uma intervenção do secretário executivo da SADC, Elias Mpedi Magosi, seguida do discurso de boas-vindas do anfitrião, Presidente Emmerson Mnangagwa, estando Angola representada pelo ministro das Relações Exteriores, o embaixador Téte António.
Os líderes tomaram conhecimento da actualização da situação, apresentada pelo Governo congolês durante uma reunião virtual do Comité Ministerial da Troika, realizada a 27 de Janeiro.
Durante o encontro, os chefes de Estado manifestaram a sua solidariedade com a RDC e apresentaram as condolências aos governos da África do Sul, Malawi e Tanzânia, cujos soldados perderam a vida enquanto serviam na Missão da SADC na RDC (SAMIDRC).
Por outro lado, expressaram gratidão aos países que contribuem com tropas na missão de estabilização do país. A cimeira contou com a participação presencial dos Presidentes da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan (também Presidente da Troika do Órgão de Defesa, Política e Segurança da SADC), Andry Rajoelina, de Madagáscar (próximo Presidente da organização), Cyril Ramaphosa, da África do Sul, e Daniel Chapo, de Moçambique.
Já os Presidentes Félix Tshisekedi (RDC) e Hakainde Hichilema (Zâmbia) participaram por via virtual. O Presidente angolano João Lourenço, que tem desempenhado um papel de mediador designado pela União Africana para a paz na RDC, foi representado na cimeira pelo ministro das Relações Exteriores, Téte António.
O estadista angolano, que tem demonstrado uma grande preocupação com a situação no Leste da RDC, apelou aos líderes de Ruanda e RDC para que respeitem os compromissos do Processo de Luanda e viabilizem uma Cimeira Tripartida de urgência na capital angolana, em data a ser definida. O
desfecho do encontro deverá influenciar os próximos passos da SADC na busca pela pacificação da região, enquanto a tensão entre Kinshasa e Kigali continua a crescer.