O Presidente da República, João Lourenço, descartou, ontem, em entrevista à Rádio França Internacional (RFI), que haja uma “crise institucional” no país, e justificou a sua ausência da sessão solene de abertura do ano judicial “atendendo aos últimos acontecimentos no Tribunal de Contas”
O Presidente da República João Lourenço, não presidiu ao acto solene do arranque do ano judicial, um começo que, de resto, é marcado pelas suspeitas que recaem sobre a presidente do Tribunal de Contas, Exalgina Gambôa, e os rumores de envolvimento em negociatas do presidente do Tribunal Supremo, Joel Leonardo. Exalgina Gambôa apresentou, entretanto, a renúncia ao cargo, algo que já foi aceite pelo Titular do Poder Executivo.
Questionado pela RFI sobre se se está perante uma crise institucional no país, João Lourenço disse, peremptório, que não. “No país não. Uma crise institucional no país é muito forte dizer isso. Forte demais”, respondeu. “O ano judicial devia arrancar hoje, ou melhor, o ano judicial arrancou hoje de facto”, referiu João Lourenço, acrescentando que “o que não aconteceu, e porque eu preferi não fazê-lo, é presidir o acto solene que, regra geral, assina-la o arranque do ano judicial”.
O Chefe de Estado angolano salientou ainda que atendendo aos últimos acontecimentos, nomeadamente, num dos tribunais, entendeu que enquanto este assunto não ficar resolvido, não deveria presidir a esta sessão solene de abertura do ano judicial. “Portanto, estou-me a referir concretamente ao que se passa no Tribunal de Contas”, apontou.
Em relação ao Tribunal Supre- mo, esclareceu que, até ao momento, nada prova o envolvimento do juiz Joel Leonardo nos crimes em questão. “Eu devo dizer que, do que é do meu conhecimento, há alegações de eventuais crimes mas que, por enquanto, nada prova o envolvimento, até agora, do venerando juiz presidente do mesmo tribunal”, disse João Lourenço.