O Presidente da Republica, João Lourenço, afirmou ontem, em Pretória, África do Sul, que o investimento deste país em Angola vem crescendo de forma satisfatória, com a entrada para o mercado angolano de grandes em- presas sul-africanas.
Segundo João Lourenço, o investimento sul-africano em Angola traz consigo um valor acrescentado para importantes sectores da economia nacional angolana, como o financeiro, o das telecomunicações, o dos transportes, logística e distribuição, facto que merece todo apreço da parte an- golana.
Discursando durante o encontro com o seu homólogo Cyril Ramaphosa, no âmbito da visita de Estado que efectuou à África do Sul, João Lourenço disse que, tendo em conta a reconhecida experiência e capacidade do empresariado sul- africano e o exponencial crescimento deste sector em Angola, é necessário e imprescindível que, conjuntamente, os dois países trabalhem para que continuem a identificar potenciais áreas de parceria para a promoção do investimento e a melhoria da competitividade das empresas.
Neste sentido, João Lourenço destacou a necessidade do incremento da relação bilateral em outros sectores como o dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, da Saúde, da Cultura, dos Desportos, da Educação e do Ensino Superior.
“Veríamos, com bons olhos, o reforço de parcerias que facilitem a troca de experiência e a formação de quadros angolanos naqueles domínios onde a África do Sul tem comprovada experiência, conhecimentos e volume de recursos não negligenciáveis”, apontou, acrescentando ainda que “tenho a esperança de que esta visita poderá relançar e dinamizar a cooperação económica e o intercâmbio empresarial entre Angola e a África do Sul, tendo como base a igualdade e a reciprocidade de vantagens”.
Elevar as relações bilaterais a níveis superiores aos já existentes
Por outro lado, João Loureno sublinhou que os últimos anos de cooperação entre os dois países foram bastante proveitosos, permitindo a realização de múltiplas acções de intercâmbio em diferentes domínios, com resultados que merecem uma apreciação positiva, o que é visto, por ele, como uma demonstração de que a República da África do Sul e a República de Angola têm a firme e clara vontade de elevar as relações bilaterais a níveis superiores aos já existentes.
“Constitui, para mim, uma grande honra, efectuar a presente visita e poder dirigir-me a Vossa Excelência neste momento relevante das nossas relações, em que se torna cada vez mais urgente e necessário que nos encontremos com maior frequência, para falarmos de assuntos primordiais relativos à paz e segurança, ao desenvolvimento e bem-estar dos cidadãos dos nossos países, da região austral de África e do continente africano em geral”, destacou.
O Chefe de Estado disse, igual- mente, que foi dentro do marco definido no Acordo Geral de Cooperação Económica, Científica, Técnica e Cultural, assinado em Luanda em 1998, que foram assinados vários outros instrumentos jurídicos de cooperação entre os dois países, dos quais destacou a criação da Comissão Bilateral de Cooperação em 2000, um mecanismo diplomático de crucial importância que, frisou, nos últimos anos, tem sido o principal meio de interacção entre os dois países, com a realização, alternadamente em Pretória e em Luanda, de quatro sessões até ao momento, que permitiram a efectivação de acções de cooperação em diferentes domínios da vida nacional de cada um dos países.
“Embora tenham sido assina- dos, até aqui, um número considerável de instrumentos jurídicos, consideramos importante que se promova, no mais curto espaço de tempo possível, uma análise e avaliação técnica de todos os acordos assinados, de modo a torná-los funcionais, mais eficientes e fundamentais para o reforço da cooperação”, afirmou.
Comissão binacional acontece no primeiro semestre de 2025 em luanda O Presidente da República realçou, ainda, a necessidade de se pôr, em marcha, o acordo entre o Governo da República de Angola e o Governo da República da África do Sul sobre o Estabelecimento de uma Comissão Binacional, que devia ter realizado a sua primeira sessão em Luanda em 2019, mas que, por razões de vária ordem, nunca aconteceu, propondo que tenha lugar no primeiro se- mestre de 2025 em Luanda.
Legalização dos cidadãos em situação irregular
Noutra abordagem, João Lourenço considerou o momento oportuno da sua visita para passar em revista questões relevantes ligadas aos diversos domínios da cooperação e definir estratégias que permitam concentrar a acção e esforços nesses sectores, de modo a conseguir uma verdadeira complementaridade na base do maior potencial existente em cada país.
Assim sendo, aproveitou a ocasião para prestar um especial realce ao sector migratório e ao da justiça, pelo facto de se registar ainda muitas preocupações relativamente à legalização dos cidadãos em situação irregular quer na África do Sul, como em Angola.
Ramaphosa considera visita de João Lourenço um impulso nas relações
Por seu lado, o Presidente sul-africano, Cyril ramaphosa, considerou a visita do homólogo angolano, João Lourenço, uma oportunidade para impulsionar a cooperação bilateral, sobre- tudo económica. o estadista sul-africano, que discursava na abertura das conversações oficiais entre as delegações ministeriais de Angola e da África do Sul, no quadro da visita oficial do Chefe de estado angolano, disse que a dinâmica da cooperação pretendida vai fortalecer o comércio, o investimento e as relações políticas e interpessoais entre ambos os países. Lembrou que África do Sul e Angola partilham um vínculo fraterno que remonta ao apoio que o MPLA deu à luta de libertação do povo sul-africano.
“Quando Angola alcançou a independência em 1975, ainda sofríamos sob a tirania do regime do apartheid”, recordou. Cyril ramaphosa, advogou que a decisão de ambos os governos de elevar o mecanismo bilateral estruturado de Comissão Mista de Cooperação para Comissão binacional reflecte o compromisso comum de aprofundar as relações.
Defendeu que o seu país deve tornar-se o destino de eleição dos bens, produtos e serviços angolanos e vice-versa. fez saber que aproximadamente vinte empresas sul-africanas já estão presentes em Angola e, ao longo dos anos, têm estado num esforço concertado para explorar oportunidades de investimento para além do sector petrolífero.
“Queremos ver mais empresas angolanas na África do Sul. existem oportunidades no desenvolvimento de infra-estruturas, agricultura, construção, mineração, serviços financeiros, telecomunicações e indústria transformadora, para citar apenas alguns”, exprimiu.