Representantes de partidos políticos e da sociedade civil manifestaram o seu interesse em contribuir para o enriquecimento do documento, mas esperam que sejam uma auscultação mais profunda e abrangente
Estratégia de Desenvolvimento Angola 2050 foi apresentada e submetida à consulta pública pelo Executivo, na última Sexta-feira, 19, e vai até ao próximo dia 15 de Junho. Entre os principais eixos do documento destacam-se, a valorização e potencialização do capital humano, a modernização das infra-estruturas, diversificação da economia, resiliência e sustentabilidade e igualdade para todos.
O Executivo alega que as duas últimas crises económicas a que Angola esteve sujeita ajudaram a identificar as fragilidades, forçando a uma reflexão sobre os pontos fortes e as fragilidades do modelo de desenvolvimento do país. A previsão é de que a proporção da população a viver abaixo do limiar da pobreza, reduza para 18 por cento contra os actuais 31 por cento. Prevê-se ainda que até 2050, mais de 95 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) do país seja gerado pelo sector não petrolífero.
Partidos políticos e sociedade civil prontos a colaborar
Os partidos políticos e organizações da sociedade civil são chamados a dar o seu contributo para o enriquecimento do documento. Em reacção, os mesmos mostraram-se dispostos a contribuir, mas esperam que seja uma auscultação mais profunda e abrangente. O presidente do PRS, Benedito Daniel, que manifestou o seu interesse em contribuir, entende que essa estratégia deverá conter o essencial e que poderá beneficiar os angolanos. Para o político Francisco Viana que falou em representação da Frente Patriótica Unida (FPU) e que também garantiu contributo da sua organização, a iniciativa para si é positiva, mas pede maior abrangência da mesma.
“que não seja uma consulta de faz de conta”
O director da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), Carlos Cambuta, enalteceu a iniciativa do Executivo em orientar estrategicamente o desenvolvimento de Angola a longo prazo. Falando em exclusivo a este jornal, o responsável espera que as opiniões dos cidadãos venham a merecer a devida atenção da parte do Executivo, e que, por via disso, venham reforçar a ideia do quão importante é contar com a participação de diferentes intervenientes.
“Nós estamos a estudar o documento, com alguns quadros de referência em termos de planeamento estratégico, e, tendo em conta o conhecimento que temos sobre o país real, vamos dar o nosso contributo, e, esperamos que os contributos dos cidadãos sejam validados e que não seja uma consulta de faz de conta”, augurou. Já o coordenador da Associação de Acção de Apoio às Iniciativas Colectivas e Individuais das Comunidades (AAAICIC), André Augusto, entende que é necessário que se dê mais tempo aos cidadãos, no sentido de permitir uma consulta mais profunda.
André Augusto defende, por outro lado, uma consulta mais abrangente, envolvendo até as comunidades mais recônditas, a fim de permitir que se estudem aquelas questões básicas que têm inquietado as famílias.“O desenvolvimento não é feito somente nas cidades, o desenvolvimento é feito lá nas comunidades, onde não há administração. É preciso englobar todos, desde o letrado ao iletrado, do mais rico ao mais pobre. É também fundamental investir recursos para que os inquiridores consigam atingir as zonas mais recônditas”, sublinhou André Augusto.