Para este ano, o acto central das comemorações do Dia da Independência Nacional de- corre na cidade de Saurimo, província da Lunda Sul, sob o lema “11 de Novembro: Unidos pelo desenvolvimento de Angola” e será presidido pelo ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão Correia de Almeida
Os angolanos celebram, amanhã, dia 11 de Novembro de 2023, o 48º aniversário da Independência Nacional, um marco histórico de extrema importância para o país, que assinala o romper de um longo período de colonização portuguesa, para a soberania do povo, cujo protagonista foi António Agostinho Neto, então líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), figura chave do processo. A conquista da Independência Nacional deu-se depois de um atribulado período de luta pela libertação nacional, promovida por valorosos combatentes que deram a vida pela emancipação de Angola, para que se tornasse, hoje, num país a ter em conta no concerto das nações.
O 11 de Novembro, apesar de ser uma data histórica para todos os angolanos, em que se deve destacar a unidade nacional e reconciliação, as comemorações desta efeméride têm sido protestadas, sobretudo, pelos partidos políticos na oposição, que acusam o partido no poder, MPLA, de ter chamado o protagonismo da data somente para si. A UNITA, por exemplo, maior partido na oposição, entende que a forma como tem sido comemorada a data constitui uma das razões para que se faça alternância de poder, a fim de se construir uma nação, verdadeiramente inclusiva, tal como referiu o seu porta-voz, Macial Dachala.
“Tudo isso que temos assistido ao longo dos 48 anos dá razão ao povo para debater-se, no sentido de protagonizarmos a alternância de poder do Estado em Angola, para que possamos projectar, verdadeiramente a nação, e lançar bases sólidas de construção de uma nação independente e garante do bem-estar material e espiritual de todos os seus filhos”, disse.
O responsável garantiu que a alegada exclusão que se tem vivido nos dias de hoje terá o seu fim, alegando que a consciência dos angolanos cresce a cada dia que passa, razão que os leva a acreditar que o fim está cada vez mais próximo, e que o sonho de se construir uma nação para todos os angolanos será um facto a contar com o próximo pleito eleitoral referente ao ciclo 2027-2032.
Sem avançar mais pormenores a OPAÍS, depois da realização da III reunião da Comissão Política do “Galo Negro”, realizada recentemente em Luanda, que para o desiderato “poder em 2027”, depositam o seu voto de confiança ao seu presidente, Adalberto Costa Júnior, de modo que continue a liderar a plataforma política Frente Patriótica Unida (FPU), como “garantia certa” à concretização da alternância do poder político no próximo pleito eleitoral.
É o MPLA que chama para si o protagonismo
O presidente do Partido de Renovação Social (PRS), Benedito Daniel afirma que o partido MPLA tem chamado para si o protagonismo do 11 de Novembro e os outros partidos políticos têm feito apenas uma breve representação. O político, que confirmou que os convites têm sido dados para que os partidos políticos se façam representar em cada acto central das comemorações da data, reprovou a forma como as comemorações têm sido feitas.
Por se tratar da data de Independência, defendeu que a comemoração devia ser mais abrangente e simbólica. Uma comemoração que pude se dar um significado ao Dia da Independência, uma vez que congrega os angolanos de Cabinda ao Cunene, como um só povo e uma só nação. “O MPLA, na qualidade de pensar que foi ele que proclamou a Independência, tem vincado o programa e todos os partidos participam como convidados do Executivo.
É preciso mudarmos essa forma de comemoração e evoluirmos para uma comemoração significativa, uma comemoração que possa envolver outras franjas da sociedade”, defendeu politico. Relativamente aos discursos que têm sido proferidos face à data, Benedito Daniel considera que são os mesmos discursos limitados de sempre, em que o partido no poder faz apenas referência apenas a si mesmo. “A Independência é de todos os angolanos. Nós, os angolanos, nos sentimos satisfeitos por ter- mos alcançado a Independência, mas os discursos circunscrevem-se ainda ao MPLA.
O discurso ainda é do MPLA que acha que proclamou a Independência e que esse feito foi alcançado graças a ele, não se pensa que foi graças aos angolanos, que todos contribuíram como nacionalistas com guerras para que tivéssemos essa Independência”, sublinhou. Defendeu, por outro lado, a necessidade de uma maior inclusão nos discursos e de reconhecer todos os angolanos como actores da Independência, uma vez que foram vários os movimentos que concorreram para essa luta que acabou vitoriosa para o povo angolano, com a sua liberdade soberana.
Ensinar a história de Angola à nova geração Já o veterano e membro do Bureau Político do MPLA, Vicente Pinto de Andrade, acalma os ânimos, alegando que cada um fez a sua história, e que o mais importante agora é ensinar às novas gerações sobre os meandros da Independência Nacional. “Não adianta ficarmos zangados porque cada um teve o seu tempo e fez a sua história. Nós fizemos a história, agora é a vez dos mais novos fazerem a sua história. O importante agora é ensinar o que nós fizemos e o que aconteceu no dia 11 de Novembro de 1975, porque muitos não sabem, infelizmente”, disse Vicente Pinto de Andrade. O nacionalista entende que todos os angolanos têm sido protagonistas dos momentos históricos do país.
Festividades
As festividades do 11 de Novembro, dia da Independência Nacional, decorrerem até ao dia 25 deste mês sob o lema “11 de Novembro – Unidos pelo Desenvolvimento de Angola”, com o objectivo de divulgar e realçar a importância da data, enquanto marco de transcendente importância na união das várias sensibilidades nacionais, com vista à valorização da pátria, assente na vontade da construção de um Estado democrático de direito e a unidade da nação angolana.
Entretanto, constam ainda dos objectivos das comemorações a promoção de uma reflexão sobre os enormes sacrifícios consentidos pelo povo, partidos políticos, governos e instituições afins que, nos longos e difíceis anos da luta de libertação, se solidarizaram com a causa nacional e apoiaram de forma directa e concreta o alcance da liberdade nacional.
“A Independência Nacional deu-se depois de um atribulado período de luta pela libertação nacional, promovida por valorosos combatentes que deram a vida pela emancipação de Angola, para que se tornasse, hoje, num país a ter em conta no concerto das nações”, destaca uma nota do Ministério da Administração do Território (MAT).
A data celebra-se num momento particular, marcado por diversos desafios socioeconómicos, cujo caminho passa pela diversificação económica e contínua capacitação do capital humano, factor fundamental para o desenvolvimento do Estado.
As comemorações deverão ocorrer em todo o Território Nacional, nomeadamente nas instituições e nos serviços públicos, nos partidos políticos e nas organizações da sociedade civil, nos estabelecimentos de ensino público e privado, nas instituições militares e paramilitares, nas comunidades locais bem como nas missões diplomáticas e consulares de Angola.
É de recordar que António Agostinho Neto, então líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), proclamou, perante África e o mundo, a independência nacional de Angola, a 11 de Novembro, em Luanda, hasteando a bandeira e hino da República, “Angola Avante”.