Desde o fracassado Congresso da Reconciliação, que também ficou conhecido por Congresso da FILDA, realizado em 2004, ainda com o seu líder fundador em vida, Álvaro Holden Roberto, esta tradicional força política continua a navegar em “águas turvas”
POR: Ireneu Mujoco
Depois de não ter podido congregar as duas partes desavindas, a do político e nacionalista Ngola Kabangu, e a do sociólogo e actual líder do Partido, Lucas Ngonda, por disputa de liderança, este Partido transformou-se numa “manta de retalhos”. E é esta “manta de retalhos” que continua difícil de ser congregada, mesmo após o afastamento” compulsivo” de Ngola Kabangu, eleito num congresso democrático em 2006, mas que foi considerado pelos seguidores de Lucas Ngonda como sendo o “entrave” para a reconciliação interna. Afastado da liderança do partido por decisão judicial, o seu sucessor Lucas Ngonda, eleito num congresso “conturbado” em 2010, pouco ou nada fez para resolver as prementes necessidades que afligem o partido, e tirá-lo do marasmo em que se encontra, e devolver-lhe a mística que lhe é característica.
É ponto assente nos corredores da sede da FNLA dizer-se que o consulado do actual presidente tem sido marcado por desavenças internas, decorrentes da má gestão, segundo declarações públicas dos seus ex-colaboradores e confidentes. São os casos de Jorge Vunge, Alberto Mavinga, Miguel Pinto, Laiz Eduardo, respectivamente, que já ocuparam os cargos de vice- presidente do partido, secretário- geral, secretário para os assuntos políticos, e secretário para a informação e propaganda. Os dois primeiros, ou seja, Jorge Vunge e Alberto David Mavinga abandonaram os seu cargos, sendo que os dois últimos foram afastados compulsivamente pelo presidente, por discordarem do seu dirigismo. Estes são apenas alguns dos muitos “pedaços” que flutuam na ponta do icebergue, dos muitos problemas que este partido enfrenta, e que ontem mesmo completou 57 anos de existência.
Rumo in(certo)
Quem deve explicar aos seus militantes, simpatizantes e amigos o rumo que a FNLA está a tomar, tem de ser a própria direcção deste partido, e nunca os jornalistas deste jornal, como fez crer o seu secretário-geral, o senhor Pedro Mucumbi Dala. Atirar-se contra os jornalistas que apenas estavam a exercer o seu trabalho, esta Quartafeira, 14, é a pior cobardia que um político da dimensão do secretário- geral podia ter. Em momento algum este jornal imiscuiu-se em assuntos internos para prejudicar o partido e muito menos tratar matérias “insignificantes”, como desabafou a este jornal. Mas de que é que Pedro Dala estará a falar? Queria que os jornalistas deste jornal despissem os seus coletes e fosse em sua defesa? Disse também que o jornal “nunca” respondeu positivamente aos convites para acompanhar as actividades deste Partido. Mas que actividades refere o senhor Pedro Dala? Só pode ser alguma distracção do senhor Pedro Dala, pois esteve jornal esteve sempre na cobertura dos eventos da FNLA em que é convidado.
Como se pode ver, ainda nesta edição há uma matéria que fala sobre o 15 de Março, mesmo depois de ter ameaçado os nossos jornalistas no dia 14. No que concerne à parcialidade que alega existir neste jornal, o secretário-geral esqueceu-se que recentemente deu uma entrevista a este jornal, que serviu para rebater todas as acusações que pendiam contra si, feitas pelos seus correligionários, estes mesmos que organizaram a manifestação desta Quarta-feira. Além de Pedro Mucumbi Dala, o secretário para os assuntos políticos Ângelo Vita Canga, também foi infeliz nas suas declarações, ao dizer que o jornal não estava autorizado a cobrir a manifestação em causa, quando na verdade recebeu um convite deste mesmo Partido e para este mesmo fim. Em resumo, quanto a nós, este partido deve resolver as suas querelas internas, e nunca associá-las a terceiros, com realce à imprensa, na medida em que apenas faz o seu trabalho no marco dos cânones estabelecidos pela Constituição e pela Lei de Imprensa.