O Presidente da República, João Lourenço, completou ontem os primeiros cem dias do seu mandato como mais alto magistrado na Nação, com os níveis de popularidade em alta pela forma como tem abordado as questões cruciais do país.
Na verdade, tem vindo a implementar uma boa parte daquilo que foi a sua tese de campanha, nomeadamente o combate à corrupção e todas as nuances perniciosas que enfermaram a gestão da coisa pública no passado.
João Lourenço, nessa sua empreitada, tem vindo mesmo a granjear o apoio até dos seus opositores políticos, assumindo-se como um reformista voltado para as questões de desenvolvimento económico qual Deng Xiaoping, da China, que arquitectou o milagre económico chinês que, em apenas 40 anos, guindou o seu país ao nível de potência mundial nos mais diversos domínios.
Lourenço fez um verdadeiro corte com práticas do passado, engajou-se como nunca visto antes a visitar unidades sanitárias esquecidas e evitadas até pelos próprios médicos, inscreveu na sua agenda encontros com homens de cultura e, brevemente fá-lo-á com a comunicação social, inaugurando um momento de abertura também jamais visto na cena política nacional.
É claro que nem tudo foi um mar de rosas no tempo transcorrido. Se da Oposição chegam sinais de aprovação às medidas tomadas, gerando expectativas em relação ao devir, internamente, isto é, no seu partido, há sinais de fricção visíveis nas dessintonias discursivas entre o presidente do partido e o Presidente da República.
Como disse o seu vice, Bornito de Sousa, os estatutos do partido e a Constituição são permissivos quanto à existência de dois pólos de distribuição e exercício de poder. Resta esperar para ver como o corte com uma cultura de gestão não trará instabilidade na governação actual. Por enquanto, o Presidente João Lourenço vai bem, e também acabaram-se os seus dias de graça. Agora terá de mostrar trabalho sério e cumprir as promessas feitas durante a campanha eleitoral, pois passará a ser mais escrutinado pela sociedade.
Sociedade que quererá ver o repatriamento do dinheiro guardado por angolanos no exterior, o combate aos crimes de colarinho branco, a reforma do Estado, a implementação das autarquias, a melhoria da economia e da condição de vida dos cidadãos, da segurança, da educação e da saúde.