Durante a conferência de imprensa ontem, a FPU manifestou a sua preocupação com os altos preços dos bens essenciais e as desigualdades ainda existentes.
Por essa razão, apelou por esforços conjuntos a fim de se mitigar os efeitos da crise, apelando à necessidade de investimentos em infraestruturas e programas sociais que priorizem o combate à fome e a melhoria das condições de vida.
A FPU destacou como principais motivos da manifestação a grave crise socioeconómica e política que o país enfrenta.
E entre as razões apresentadas está a fome, que segundo esta organização afecta cerca de 9 milhões de angolanos, avançando dados da FAO, UNICEF e CEIC, sendo este um fenómeno visível em todo o território nacional.
A outra razão avançada pela FPU é a pobreza crescente, que atinge aproximadamente 17 milhões de idadãos; o alto custo de vida, caracterizado pela escalada dos preços dos produtos da cesta básica, entre outros motivos.
A violação de direitos humanos e liberdades fundamentais, incluindo a denúncia da existência de presos políticos no país, foi também avançada pela plataforma política.
A organização criticou ainda a proposta do Orçamento Geral do Estado (OGE) 2025, que, segundo a FPU, não contempla medidas concretas para o combate à fome ou viabilizar as eleições autárquicas.
Participação e comportamento dos manifestantes A marcha contou com uma significativa adesão popular, sobretudo de jovens, cuja participação foi descrita como activa, voluntária e entusiástica.
A FPU enalteceu a postura pacífica dos manifestantes, marcada pelo respeito às instituições republicanas, e reafirmou a importância da mobilização contínua dos cidadãos para promover mudanças no país.
“A Frente Patriótica Unida manifesta a sua gratidão a todos os cidadãos pela expressiva presença e dá nota positiva à conduta exemplar dos participantes”, declarou o porta-voz da organização e secretário-geral da UNITA, Álvaro Daniel.
Críticas à situação da Polícia Nacional
No entanto, segundo a FPU, o evento foi marcado por episódios menos positivos, como a presença ostensiva das forças da ordem e o bloqueio do itinerário previamente acordado.
A FPU sublinhou que o papel da polícia deveria ser o de garantir a segurança e a ordem durante as manifestações, e não obstruir o exercício de direitos constitucionais.
“Lamentamos o tratamento desigual dado pela polícia às marchas da oposição, em comparação com as organizadas pelo partido no poder”, disse Álvaro Daniel, que apelou por uma actuação imparcial e amiga dos cidadãos.
A FPU reafirmou o seu compromisso de lutar por uma Angola livre da fome, pobreza e medo. Destacou que, após 50 anos de independência e 22 anos de paz, é inaceitável que os “angolanos ainda dependam de restos de lixo para sobreviver”.
“O país precisa de medidas efectivas e sustentáveis, começando pelo investimento em infra-estruturas que fomentem a produção e o investimento”, concluiu a organização.