A OPEP e os seus aliados, com a Rússia, o maior produtor mundial, à cabeça, estenderam o corte na produção de petróleo até ao final de 2018, embora esteja prevista para Junho do próximo ano uma reavaliação da medida, o que, mostrando prudência, não pôs os mercados eufóricos. O preço do barril encerrou o dia acima dos USD 63.
POR: Luís Faria
decisão ontem tomada pela OPEP e seus aliados de estender o corte em cerca de 1,8 milhões de barris na produção global até ao final de 2018, mas prevendo uma reavaliação da medida em Junho, constituiu uma meia-decepção para os mercados. Assim que se soube do resultado da reunião ministerial da OPEP, realizada em Viena, capital austríaca, o preço do barril de petróleo tipo Brent, que não chegara a atingir ao longo de toda a manhã e início da tarde USD 63,5, escorregou para menos de USD 63, chegando a estar a perder em relação ao fecho da sessão da véspera.
As quebras ficaram-se, no entanto, por aí. Se a decisão de não estabelecer um compromisso definitivo quanto à limitação da produção não satisfez inteiramente a expectativa do mercado, assegura que as cotações da matéria prima não ‘aquecerão’ demasiado e retira o tapete a uma eventual escalada da produção norte-americana de óleo de xisto, estimulada por uma elevação rápida e acentuada do valor da matéria-prima.
As preocupações da Rússia, o maior produtor mundial e que alinhou, pela primeira vez, com a política de cortes na produção da OPEP, quanto à estratégia para a saída da política de cortes e a possível subida excessiva dos preços, terão ficado assim salvaguardas no compromisso de reavaliar, em Junho do próximo ano, a decisão ontem tomada.
Tratou-se talvez da reunião ministerial da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) mais aguardada de sempre. Pela primeira vez os membros da organização (actualmente 14) e outros 10 outros grandes produtores não alinhados, surgindo o maior produtor mundial, a Rússia Rússia, à cabeça, encontraram-se praticamente em simultâneo na sede da organização, em Viena, capital austríaca.
E, mesmo admitindo uma revisão da política de cortes em Junho, também o resultado dos encontros faz história, prolongando o acordo de limites à produção, obtido no final de 2016, até ao termo de 2018 e dando-lhe o maior horizonte temporal de sempre. Um acordo que apresentou, desde que foi firmado, o maior grau de cumprimento entre todos já decretados para fazer face a descidas abruptas do preço do barril de crude nos mercados internacionais.
Foi a pressão destes mercados que obrigou os 24 países coligados, OPEP e não OPEP, a chegar a um desfecho que não deixasse cair novamente o preço da matéria-prima, causando estragos sérios nos orçamentos dos países produtores e comprometendo o investimento na renovação de poços. Se em Junho do próximo ano se confirmar a continuação da política de cortes, até ao final de 2018 continuarão a ser retirados cerca de 1,8 milhões de barris diários à produção dos 24 países subscritores do acordo.