Desde as eleições [gerais de Dezembro passado], o M23 avançou significativamente e expandiu o seu domínio territorial de uma forma sem precedentes, causando uma situação humanitária ainda mais grave” e aumentando substancialmente o número de deslocados, disse Bintou Keita ao Conselho de Segurança da ONU, citado ontem por meios de comunicação congoleses. Keita, que é também o representante especial do secretário-geral da ONU na RDC, apelou à retirada de “todas as forças estrangeiras que operam ilegalmente” em território congolês e ao desarmamento dos grupos rebeldes.
O M23 reactivou os combates em 01 de Outubro de 2023, após meses de relativa acalmia. Desde então, avançou em vá- rias frentes até atingir uma posição a cerca de 20 quilómetros de Goma, que ocupou durante dez dias em 2012, antes de se retirar sob pressão da comunidade internacional.
Os rebeldes tomaram o controlo das estradas que ligam o resto do país a esta cidade estratégica com mais de um milhão de habitantes e onde se encontram numerosas organizações não- governamentais internacionais e instituições da ONU. Os combates deixaram mais de um milhão de pessoas deslocadas internamente e provocaram graves tensões entre a RDC e o Ruanda, devido à alegada colaboração deste país com o grupo rebelde, o que as autoridades ruandesas sempre negaram.
Por sua vez, o Ruanda e o M23 acusam o exército congolês de colaborar com as Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR), fundadas em 2000 por líderes do genocídio de 1994, e com outros ruandeses (hutus) exilados na RDC para recuperar o poder político no seu país.