O país poderá registar a maior greve da sua história em três fases: entre 20 e 22 de Março, 22 e 30 de Abril e entre 03 e 14 de Junho deste ano. Trata-se de uma acção que está a ser desenvolvida por três das maiores organizações sindicais, sendo que uma quarta demarca-se de tal iniciativa. O jornal OPAÍS traça a trajectória dos três sindicalistas que lideram este processo
José Joaquim Laurindo, de 63 anos, dá o rosto pela mais antiga confederação sindical existente no país, criada mesmo antes da proclamação da independência nacional, a União Nacional dos Trabalhadores Angolanos – Confederação Sindical (UNTA- CS) – foi fundada a 16 de Abril de 1960, em Leopoldville, hoje Kinshasa, RDC, durante o Congresso dos trabalhadores angolanos no exílio. Quando assumiu o cargo de secretário-geral desta organização, em Agosto de 2021, sucedendo a Manuel Augusto Viage, José Laurindo apresentou como linhas de força do seu mandato a promoção de acções que visam a ascensão de mulheres nos cargos de direcção do movimento sindical, a todos os níveis, bem como o respeito pelo programa e os Estatutos da UNTA-CS.
O sindicalista é defensor de um salário mínimo nacional de 300 dólares (190 mil kwanzas), que, à época da sua eleição, garantiu “negociar até à exaustão” para a sua materialização. Segundo o líder da UNTA-CS, a revisão da Lei Geral do Trabalho (LGT) e um novo tecto para o salário mínimo nacional constituem “assuntos mais cadentes e de sequência imediata” no seu mandato. Ainda entre os desafios que se propôs cumprir, está um “trabalho incessante” com os sindica- tos filiados na UNTA-CS para a identificação dos entraves que os trabalhadores angolanos vivem. José Joaquim Laurindo, de 63 anos, é natural de Caluquembe, província da Huíla, é licenciado em Geografia pelo ISCED de Benguela.
Frequentou até ao segundo ano o curso de Direito na Universidade Agostinho Neto, entre 1988 e 1990, é professor de profissão, tendo o vínculo jurídico-laboral desde 2007. Enquanto sindicalista, José Laurindo era, até antes de ser eleito líder da UNTA-CS, presidente da Federação dos Sindicatos de Trabalhadores da Educação, Cultura, Desporto e Comunicação Social de Angola. Também foi secretário-geral e presidente da União dos Sindicatos de Benguela, até 2020. É ainda membro executivo do Sindicato da Educação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), desde 2010.