O secretário para as Relações Internacionais do MPLA reafirmou que o objectivo do partido é assegurar mais oferta de bens e serviços à população e mais justiça social.
POR: Rila Berta
Julião Mateus Paulo, que discursava na abertura da reunião do Comité África da Internacional Socialista, organização na qual também é vice-presidente, disse que as transformações económicas no país têm sido acompanhadas por um longo processo de reformas do Estado e do sistema judicial, numa combinação que assegurará maior oferta de bens e serviços à população, mais justiça social e melhor qualidade de vida para o povo.
Referiu que o MPLA venceu as eleições gerais com 61% dos votos e com estes resultados iniciou um novo ciclo da vida política em Angola, orientado pelo slogan “melhorar o que está bem e corrigir o que está mal”, tendo referido ser sobre este slogan que o partido no poder e seu candidato deram início a uma nova dinâmica de governação.
“Introduzindo os ajustes necessários na economia, na perspectiva de torná-la mais diversificada e menos dependente do petróleo, em conformidade com as regras de uma economia de mercado, proporcionando a exploração de outros recursos naturais e outros serviços, assegurando mais emprego e desenvolvimento”, explicou. Reconheceu que a reunião acontece numa altura em que se vive em todo mundo um contexto social difícil, em que a paz mundial está ameaçada pela falta de diálogo permanente e multilateral.
Afirmou registarem-se vários conflitos em África e que têm longevidade, alguns dos quais, disse, vão assumindo contornos complexos pela variedade e forma do modus operandi e suas conexões com grupos perigosos de outras origens. “Estamos a falar dos conflitos nos Grandes Lagos, na Somália, na Nigéria, na Líbia, na República Centro Africana, no Mali, nos Camarões e em tantas outras localidades deste continente”, apontou.
Referindo que tais conflitos obrigam a que uma grande parte dos jovens das referidas regiões emigrem de forma ilegal e em condições desumanas, criticou a situação que vive na Líbia, divulgada recentemente nas redes sociais, dando conta da existência de pessoas comercializadas como escravos. Disse ser importante que em conjunto se debelem as crises e os conflitos que estalam no continente e no mundo. “Ditam os nossos valores e os da Internacional Socialista que à paz das armas deve seguir-se a democratização das sociedades”, disse.
Afirmando depois que por esta via é possível assegurar o desenvolvimento, eliminar as assimetrias e combater as mais variadas endemias que assolam os povos africanos. A maior organização mundial de partidos políticos, reúne- se pela terceira vez em Angola. O MPLA é o único partido com representação no Comité, sendo que existem países com mais partidos representados. De acordo com Julião Mateus Paulo, Angola acolhe o evento em reconhecimento à importância da organização.
“Fazêmo-lo pelo reconhecimento da sua grande importância na abordagem e contribuição para os grandes temas da actualidade internacional, na perspectiva da visão política e dos valores ideológicos dos partidos que integram a Internacional Socialista”, sustentou. Por sua vez, o secretário-geral da Internacional Socialista declarou que Angola tem progredido consideravelmente desde o alcance da paz em 2002. Luís Ayala realçou o trabalho efectuado por José Eduardo dos Santos no país e a continuidade do trabalho que está a ser feito pelo Presidente da República, João Lourenço.
Felicitou a vitória do MPLA nas eleições de 23 de Agosto e apelou aos partidos filiados a promoverem a democracia social, por responder aos desafios do desenvolvimento sustentável e garantir a permanente melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Destacou o desempenho do Executivo angolano no desenvolvimento do país, na melhoria das condições socais da população e na pacificação de conflitos regionais. Reconheceu que se vive num mundo de conflitos, por isso apelou ao respeito aos direitos iguais.
Solidarizou-se com os membros de países com déficit de democracia e lembrou que a organização é de partidos de esquerda, pela democracia, defesa do direito, liberdade, pela democracia, justiça e pela solidariedade, de socialistas que trabalham por um mundo mais igual, incluindo no género. Congratulou-se com o esforço do actual secretário-geral das Organização da Nações Unidas (ONU), António Guterres, para a reforma da organização, ao mesmo tempo que condenou o unilateralismo de algumas das grandes potencias na resolução de questões internacionais. Defendeu um combate às desigualdades económicas, a nível interno e internacional, para corrigir o facto de menos de 10 % das nações terem mais riquezas que milhões de cidadãos do mundo cada vez mais pobres.
Reunião do comité Internacional Socialista encerra hoje
Durante a reunião do Comité África da Internacional Socialista, que decorre desde Terça-feira em Luanda e que termina hoje, Quarta-feira, foram debatidos temas como: “políticas humanas justas e democráticas. O nosso papel em África” e “Asseguramento da paz e a resolução de conflitos na Região dos Grandes Lagos. A organização, fundada em 1951, busca a divulgação e implementação do socialismo democrático e congrega 160 partidos de mais de 100 países do globo. Em África contam-se 18 partidos da organização no poder.
Trata-se de uma organização internacional que busca a divulgação e implementação do Socialismo democrático através da união de partidos políticos social democratas, socialistas e trabalhistas. Foi fundada em 1951 com a denominação Internacional Operária e Socialista e actualmente possui 160 partidos de mais de 100 países do globo, sendo uma das maiores organizações partidárias em actividade no mundo.
Angola favorável ao diálogo na Região dos Grandes Lagos
Na reunião do Comité África da Internacional Socialista, o ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto destacou o desempenho de Angola na resolução de conflitos na Região dos Grandes Lagos. Ao debruçar sobre o tema “Assegurando a paz e a resolução dos conflitos na Região dos Grandes Lagos”, reconheceu que a situação da Região é caracterizada, por um lado, pelo instável processo de pacificação e estabilização do Leste da República Democrática do Congo, e, por outro, pelo surgimento de novos conflitos no Burundi, República Centro-Africana, no Sudão e no Sudão do Sul.
Sendo que para a sua resolução, a Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL) tem organizado reuniões de concertação ao nível dos Chefes de Estado e de Governo. Durante a sua intervenção, Manuel Augusto destacou a cimeira ordinária dos Chefes de Estado e de Governo da Região, realizada a convite do Presidente da República e Presidente em exercício da CIRGL, João Lourenço, em Outubro último, durante a qual se analisou a situação política e de segurança na região.
“As iniciativas para assegurar a paz e a resolução dos conflitos na Região dos Grandes Lagos, particularmente no Leste da RDC, na República Centro-Africana e no Sudão do Sul, não se cingiram à escala regional”, declarou. Tendo na ocasião apontado algumas iniciativas continentais e internacionais como: a reunião do grupo internacional de contacto para a RCA, realizada em Abril de 2016, em Paris, França.
Reiterou o compromisso de Angola em continuar a ser um actor empenhado na busca de soluções pacíficas e construtivas para os diversos desafios que se colocam, assegurando a paz e resolução de conflitos na Região, “através da aceleração da efectiva implementação do pacto e dos protocolos regionais para uma maior democracia e segurança e facilitar a cooperação e o desenvolvimento desejado”, sublinhou. A Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos compreende 12 Estados-membros, nomeadamente: Angola, Burundi, República Centro-Africana, República do Congo, República Democrática do Congo, Kenya, Uganda, Rwanda, Sudão, Sudão do Sul, Tanzânia e Zâmbia.