O secretário do Bureau Político para a Reforma do Estado, Administração Pública e Autarquias do MPLA, Mário Pinto de Andrade, considerou, ontem, a figura do antigo-Presidente, José Eduardo dos Santos, como sendo uma grande referência, cujos feitos e trajectória política marcam indelevelmente a história do partido e do país.
Para o político, José Eduardo dos Santos, que faleceu no dia 8 de Julho de 2022, em Barcelona, reino de Espanha, aos 79 anos de idade, marca indelevelmente a história de Angola e dos angolanos, a julgar pelos desafios que teve de enfrentar para a conquista da paz e da reconciliação nacional.
Conforme referiu, Eduardo dos Santos assumiu o país num momento muito difícil da história política de Angola, depois da morte do então Presidente Agostinho Neto.
Entretanto, com Eduardo dos San- tos, frisou, o país percorreu os principais acontecimentos do século XX, inclusive o processo da guerra fria. Apesar de todos os desafios, reiterou, Angola sobreviveu a todos os desafios, até mesmo com o conflito entre os Estados Unidos e a Rússia.
“O Presidente José Eduardo dos Santos soube garantir a nossa soberania e a nossa integridade territorial e soube fazer a paz”, destacou. Segundo ainda Mário Pinto de Andrade, só com estes recursos, Eduardo dos Santos tem o mérito de ficar na história de Angola para sempre. Para ele, nenhum outro Presidente ficará mais 38 anos no poder. To- dos, por força da Lei, notou, ficarão apenas dez anos no poder.
“Ele ficou todo esse tempo no poder devido ao contexto histórico e num quadro de partido único. Hoje, com a democracia multipartidária, já não será possível. E José Eduardo fica mesmo na história por esse motivo, por ter herdado um país difícil que estava há menos de 4 anos da conquista da independência”, explicou.
O estratega da paz
Ainda na visão de Mário Pinto de Andrade, o maior marco que Eduardo dos Santos deixa aos angola- nos é o facto de ter sido o principal estratega da conquista da paz. “E, por isso mesmo, esse nome de Arquitecto da Paz fica-lhe muito bem. Ele apaziguou o nosso país e estamos a viver a paz há 22 anos. Só isso é um mérito para lhe dar- mos toda a dignidade para sempre”, referiu.
Transição política pacífica
Outrossim, Mário Pinto de Andrade reconheceu a capacidade de Eduardo dos Santos no processo de transição política que conduziu o actual Presidente João Lourenço ao poder. Para o político, a olhar para os principais processos de transição em África, desde 1980 até aos dias de hoje, são poucos os países em África que tiveram um processo de transição pacífica.
A maior par- te, frisou, foram sempre transições tumultuosas ou conflituosas. “E Angola foi um exemplo. Porque, depois de poucos anos de paz, conseguimos fazer uma transição política pacífica. E ele próprio teve de analisar e discutir isso com os seus pares, a nível do Bureau Político e do Comité Central para a escolha do Presidente João Lourenço”, referiu