Para o líder do Grupo Parlamentar do MPLA, essas forças preferem continuar a apresentar espectáculos e a fazer entretenimento, na vã tentativa de captar mais seguidores nas redes sociais, através da disseminação de inverdades e de discursos enganadores, com o intuito de instrumentalizar a juventude
O presidente do grupo Parlamentar do MPLA, Virgílio de Fontes Pereira, denunciou, ontem, a existência de forças partidárias que, no seu entender, “lamentavelmente”, têm transformado a Assembleia Nacional “num palco de activismo político irresponsável”.
Segundo o parlamentar, que falava durante a 3.ª Reunião Plenária Ordinária da Assembleia Nacional, as discussões dos projectos e propostas de leis são usadas, por estas forças partidárias, como oportunidade para o insulto, a desconsideração e o desrespeito.
Também, frisou, as reuniões plenárias têm servido para a radicalização do discurso, como expediente mais rápido de promoção nas hostes partidárias.
E a transmissão televisiva das sessões é aproveitada para exacerbar a desconsideração e a banalização das instituições, numa atitude populista.
“Temos assistido, por parte da oposição recauchutada, a uma visão distorcida da realidade e desprovida de soluções para o país.
Este partido (ou será uma coligação?) abstém-se de fazer uma oposição responsável e de ficar na história como partícipe na construção da nova Angola”, frisou, acrescentando ainda que esta mesma força partidária “prefere continuar a apresentar espectáculos e a fazer entretenimento, na vã tentativa de captar mais seguidores nas redes sociais, através da disseminação de inverdades e de discursos enganadores, com o intuito de instrumentalizar a juventude”, denunciou.
Para o líder parlamentar do MPLA, o povo angolano conhece o lado certo da história e que, enquanto o MPLA, apesar dos erros que comete e assume, trabalha incansavelmente pelo desenvolvimento de Angola, a oposição recauchutada permanece presa a ideias ultrapassadas e sem soluções concretas, revelando indisfarçáveis traumas do passado e do presente.
Assembleia Nacional ocupa e desempenha um papel fundamental
Por outro lado, Virgilio de Fontes Pereira disse que o Grupo Parlamentar do MPLA entende que a Assembleia Nacional ocupa e desempenha um papel fundamental e insubstituível para o aprofundamento da democracia, para o desenvolvimento e a manutenção do diálogo, da concórdia, da paz social e para infundir nos cidadãos e na sociedade angolana o sentimento de confiança, de segurança e de tranquilidade.
“Para a concretização desse desiderato permanente, temos no Grupo Parlamentar do MPLA as energias e as capacidades inesgotáveis para continuarmos a dialogar com todos os partidos políticos e com todas as forças vivas da Nação para encontrar soluções colectivas para os problemas reais do nosso povo”, destacou, apontando que, “este foi sempre e continuará a ser o foco do nosso Glorioso MPLA.
Assim continuará a ser o nosso compromisso e engajamento na discussão de todos os temas da responsabilidade da Assembleia Nacional”.
Exemplo de civismo
Fontes Pereira defendeu ainda que, “como deputadas e deputa dos, o nosso mandato deve servir de exemplo de civismo para as gerações de angolanos”.
Conforme referiu, cada um dos 220 Deputados deve ganhar consciência da sua função representativa e da sua responsabilidade institucional, devendo compreender que o julgamento mais importante das suas acções não será a perspectiva do voto do cidadão nas próximas eleições, mas sim, o exame de consciência que cada um vai fazer quando deixar de ser parlamentar.
UNITA diz que Angola vive um ambiente de degradação das instituições
Por sua vez, o presidente do Grupo Parlamentar da UNITA, Liberty Chiyaka, considerou que Angola vive um ambiente de degradação das instituições e empobrecimento das pessoas, das famílias e das empresas.
Para o deputado, a realidade é indesmentível, indisfarçável e deplorável. No seu entender, nunca, como hoje, o país viveu tanta fome, tanta miséria, insegurança, corrupção, impunidade, perseguição aos adversários políticos e desespero.
“Senão vejamos: temos mais injustiça e desigualdades, menos educação e saúde; temos menos poder de compra dos salários e menos rendimento para as empresas e as famílias”, apontou Segundo Liberty Chiyaka, sem educação e sem saúde não há desenvolvimento. E sem liberdade não há democracia.
Divisão Político-Administrativa
Por outro lado, o parlamentar disse ainda que a Divisão Político-Administrativa (DPA) não deve servir para esconder a decisão da liderança do MPLA de negar as autarquias aos angolanos.
“A DPA vem agora em socorro da decisão do partido de regime: fazer a manutenção do poder a qualquer custo.
É o seu único programa, mesmo que tal exija negar o desenvolvimento, colocar o país na extrema pobreza, fazendo de Angola, a cada dia, um Estado repressivo perante o silêncio medroso e conivente dos senhores deputados”, deplorou.
Na visão do líder parlamentar da UNITA, quem nega realizar as autarquias em 164 municípios e quer impor o gradualismo com 164 municípios, certamente não está a ser sério ao pretender aumentar para 325 municípios.
“Trata-se de uma tentativa desesperada de efectuar um golpe perigoso contra a soberania dos angolanos, uma negação do direito de escolha.
Uma tentativa de tornar reféns todos aqueles a quem o partido de regime quer negar a cidadania e o direito de escolherem os seus governantes locais”, acusou.
Falta de definição de prioridades
Segundo ainda Liberty Chiyaka, o último trimestre de 2023 foi marcado por vários acontecimentos, com o registo de mais fome, assassinatos, sequestros e outras violações dos direitos humanos.
Já do lado do Governo, apontou, houve a aprovação do Orçamento Geral do Estado para 2024 e a inauguração do aeroporto mais caro do mundo que, no seu entendimento, não é o maior do mundo nem sequer o mais moderno.
“Revelaram, mais uma vez, as dificuldades do Executivo para definir prioridades e políticas públicas eficazes nas áreas prioritárias que concretizam a segurança alimentar e o desenvolvimento humano, a saber: a agricultura, educação, energia e infraestruturas essenciais, saúde e habitação”, destacou.
Ultrapassar as fronteiras partidárias
O deputado defendeu, entretanto, que o país precisa de novas fórmulas, disponibilidade, atitude, visão e compromisso para garantirmos a estabilidade política e social necessária para resolver os problemas estruturais.