O líder do partido governante afirmou, no último Sábado, em Luanda, que o MPLA é o maior interessado em criar o poder autárquico no país, contrariamente ao que tem sido ventilado pelos partidos políticos na oposição
João Lourenço, que falava no acto de apresentação da agenda política do partido dos camaradas para o presente ano, sublinhou que o MPLA não se tem limitado em falar, “mas também em preparar as condições para que tal seja materializado”.
Segundo o presidente do MPLA, o partido é o mais interessado no surgimento das autarquias locais, a fim de se ver “mais aliviado”, já que parte das competências vão ser da autoridade de outro poder.
O líder dos camaradas lembrou que o poder local não irá colidir com o poder do Estado, já que são poderes diferentes, mas com o mesmo fim de resolver os problemas das comunidades.
O presidente do MPLA acusou os partidos políticos na oposição de estarem engajados numa “agenda obscura” de engano à opinião pública, dizendo-se timoneiros da instituição do poder local em Angola. Segundo o líder dos camaradas, “as autarquias não se exigem e não se oferecem, mas trabalham-se”.
E para o alcance do sucesso neste particular, orientou o partido a começar a preparar os militantes, assim como os candidatos que irão presidir as câmaras municipais, lembrando que os mesmos devem estar envolvidos na luta contra a corrupção.
Desenvolvimento sócio-económico João Lourenço apontou, ainda, como desafio do MPLA para 2024 o desenvolvimento sócio-económico do país, tendo em vista o bem- estar das populações.
O líder do partido governante defendeu, também, uma maior organização interna e a necessidade de se organizar melhor a economia nacional como único meio de se garantir o pretendido desenvolvimento sócio-económico.
João Lourenço anunciou um conjunto de passos para se atingir esta meta, entre os quais a criação de um melhor ambiente de negócios para que a economia angolana seja mais forte e consiga produzir mais bens e serviços.
CIVICOP segue firme
No acto deste Sábado, o presidente do MPLA encorajou a Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP) a prosseguir com os trabalhos que tem desenvolvido na descoberta e entrega de restos mortais às famílias das vítimas dos vários conflitos decorridos desde 1975 até 2002.
João Lourenço reconheceu que o tema era tabu durante décadas, sublinhando que o Executivo decidiu “destapar este véu”. Na ocasião, o líder partidário acentuou continuar a encorajar a Comissão a ir ali onde houver indícios de sucesso no trabalho “digno” que tem realizado de desenterrar os restos mortais dos nossos compatriotas e, para o efeito, não precisa de autorização de nenhum partido político.
“A CIVICOP está a realizar esse trabalho em todo o território nacional, porque entendemos que em Angola não há espaços do par- tido A ou do partido B, ninguém pode vir dizer aquele é meu território e que a CIVICOP só pode lá ir com a minha autorização.
Aqui ninguém é dono de território, os angolanos no seu todo, sim, são donos do território que vai de Cabinda ao Cunene e do mar ao saliente do Cazombo”, sublinhou. João Lourenço disse que a autorização foi dada e está implícita, desde o momento em que pro- feriu o discurso num mês de Maio. “A autorização está dada para tu- do fazermos e dentro do possível encontrarmos e restituirmos às famílias os restos mortais das vítimas dos diferentes conflitos ocorridos em Angola, entre 1975 e 2002”.
O líder do partido vencedor das eleições gerais de 24 de Agosto de 2022 reconheceu que o tema em questão, durante décadas, era tabu e praticamente proibido falar sobre “perdão mútuo entre nós cidadãos angolanos”, na sequência das vítimas ocorridas nos vá- rios conflitos, desde que o país se tornou independente, em Novembro de 1975, até ao dia da Paz, a 4 de Abril de 2002.