Segundo Esteves Hilário, secretário para a Informação do Bureau Político, este congresso não traz novidades inesperadas, mas concretiza as iniciativas anunciadas desde a 4.ª Sessão Ordinária do Comité Central em Março de 2022.
“O rejuvenescimento das estruturas do partido é um processo natural e necessário. Não há intenção de exclusão, mas sim de inclusão, trazendo jovens capazes de responder aos desafios que vêm pela frente”, destacou o secretário para informação dos “Camaradas”.
O Congresso marca a culminação de um processo iniciado com as Assembleias de Balanço e Renovação de Mandatos nas estruturas de base. Mas, agora, o foco está na renovação do Bureau Político e do Secretariado, o que poderá incluir a extinção de alguns departamentos e a criação de novas áreas.
As mudanças dependerão do consenso entre os delegados, reforçando a democracia interna do partido. Esteves Hilário defendeu veementemente a unidade interna e o carácter democrático do partido, segundo o qual as diferenças de pensamento dentro da organização não representam divisões, mas são reflexos da pluralidade natural de um movimento com mais de quatro milhões de militantes. “O MPLA é um partido democrático.
É normal que haja camaradas que pensem diferente da liderança, mas isso não significa que estejam contra a direcção do partido. Pelo contrário, esses mesmos camaradas participam no congresso como delegados e manifestam as suas opiniões livremente”, afirmou Esteves Hilário, afastando as especulações sobre possíveis fracturas internas.
O secretário para informação reiterou ainda que as mudanças propostas para o rejuvenescimento das estruturas do partido não têm como objectivo excluir vozes, mas sim integrar as novas gerações. “O processo de rejuvenescimento das estruturas é natural.
É como uma corrida de estafeta: a geração que começou não é a mesma que terminará. Passar o facho para os mais novos é uma necessidade para enfrentar os desafios do futuro”, afirmou. Esteves Hilário reforçou que o congresso será palco de debates in- tensos e que todas as alterações aos estatutos e estruturas serão decidi- das pelcolectivo. “O congresso é soberano.
O que será alterado não são decisões impostas pela direcção central, mas aquilo que os dele- gados considerarem adequado para o futuro do partido”, garantiu. O congresso extraordinário, convocado oficialmente a 9 de Outubro, tem como um dos seus principais objectivos alinhar as estruturas do MPLA aos desafios políticos de 2027, ano em que se realizarão eleições gerais.
Segundo Esteves Hilário, a antecipação dos ajustes e a abertura ao debate demonstram o compromisso do partido com a preparação estratégica e com a consolidação da democracia interna. Por sua vez, Adilson Hach, membro do comité central do MPLA, destacou a importância das medidas de rejuvenescimento promovidas pelo partido, sublinhando o papel estratégico dos jovens no futuro da organização e do país.
Para Hach, a renovação das estruturas internas é um reflexo da demografia angolana, onde a maioria da população é jovem. “A direcção central do partido está a reforçar a medida de rejuvenescer as estruturas a todos os níveis, algo que já foi iniciado no 8.º Congresso Ordinário. Isso demonstra que o partido está a olhar para nós, juventude, com outros olhos, confiando-nos responsabilidades para estarmos à altura dos desafios da nação”, afirmou.
O jovem político, que perdeu para Justino Capapinha nas últimas eleições da JMPLA, afirmou que o lema do congresso, “Servir o povo e fazer Angola crescer”, é um reflexo da trajectória do MPLA, desde a independência até os esforços contínuos pelo desenvolvimento social e económico do país.
“O MPLA percebeu que a melhor forma de consolidar a sua imagem política é servir. Foi assim com a paz, é assim agora na luta pelo desenvolvimento do país”, acrescentou. Sobre as alterações estatutárias previstas no congresso, Hach explicou que as mudanças são principalmente técnicas, relaciona- das à organização interna do par- tido.
“São cerca de três artigos que serão ajustados para conformar as estruturas intermédias às exigências do contexto social em evolução. Não se trata de mudanças que causem grandes impactos sociais, mas de arrumar a vida interna do partido”, esclareceu.
Quando questionado sobre militantes que anunciaram intenções de candidatar-se à liderança do MPLA, como é o caso do jovem Valdir Cónego, Adilson Hach preferiu desviar a atenção para o foco do congresso. “Acredito que qualquer candidatura legítima deve ocorrer no âmbito de um congresso ordinário convocado pelas estruturas apropriadas.
Este congresso não tem essa natureza, por isso não considero o tema relevante no momento”, ressaltou. Do seu lado, António Henriques Silva, membro do Comité Central do MPLA, realçou que o actual processo de rejuvenescimento das estruturas do partido reflecte uma dinâmica positiva que acompanha o MPLA há anos. Segundo ele, ciclos desta natureza são essenciais para trazer energia renovada à organização e fortalecer a sua capacidade de enfrentar os desafios do país.
“É um processo e uma dinâmica que acompanha o MPLA há muito tempo. Ciclos desta natureza são positivos e visam essencialmente trazer uma nova energia para dentro do partido. Faz parte dos desafios que nos propomos a abraçar”, afirmou.
Henriques da Silva minimizou a ideia de urgência no reajustamento das estruturas do partido, como deixado claro pelo Presidente do partido, João Lourenço, destacando que o Congresso Extraordinário abre uma oportunidade legítima para avanços.
“Não considero que seja uma urgência, porque processos desta natureza são legitimados pelos congressos. Neste caso, o Congresso Extraordinário abre esta janela como uma oportunidade e responde às prioridades que o país apresenta”, explicou.
Impacto económico e geopolítico
Para Luís Cupenala, presidente da Câmara de Comércio Angola- China, o congresso acontece num momento estratégico. Convidado ao conclave, destacou a importância do fortalecimento das relações internacionais, incluindo os recentes avanços na cooperação com a China e com os Estados Unidos da América. “Angola está a consolidar-se como um polo de atracção para investimentos e um actor relevante na geopolítica internacional”, observou.
Convidado ao conclave, destacou a importância do fortalecimento das relações internacionais, incluindo os recentes avanços na cooperação com a China e com os Estados Unidos da América. “Angola está a consolidar-se como um polo de atracção para investimentos e um actor relevante na geopolítica internacional”, observou.
Valdir Cónego reafirma candidatura à liderança do partido
Presente no Congresso, o militante Valdir Cónego voltou a reafirmar a sua intenção de concorrer à presidência do MPLA e à Presidência da República, destacando o carácter democrático do partido e a sua confiança no processo interno.
O jovem, residente em Lisboa, Portugal, defendeu que a renovação das lideranças é um sinal de vitalidade do MPLA, reiterando que respeita os estatutos e protocolos partidários.
“Vou, sim, me candidatar para as eleições a presidente do partido e de presidente da República. Faço isso por razões minhas, pelas minhas convicções e ideais, e também para mostrar à sociedade que o nosso partido é democrático”, afirmou o militante, membro do partido desde 2001.
Sobre a aceitação da sua candidatura dentro do MPLA, Valdir revelou que ainda não recebeu o feedback das lideranças, mas garantiu que seguiu os procedimentos for- mais.
“Dei a conhecer às estruturas do partido a minha intenção. Isso é o que um militante deve fazer. O silêncio sobre isso não me prejudica, nem ao partido, porque cumpri o que os estatutos determinam”, ressaltou.
Comissão de Disciplina
Valdir Cónego comentou ainda a sua recente chamada à Comissão de Disciplina do MPLA, esclarecendo que foi devido a faltas em reuniões, já que vive em Lisboa. Aliás, descartou qualquer relação com a sua candidatura ou retaliações internas.
“A comissão de disciplina actua de forma ética e até ajuda os militantes com problemas. O que acontece é que algumas pessoas aproveitam as minhas intervenções e distorcem os factos, mas continuo de cabeça erguida, respeitando os mais velhos e as normas do partido e do país”, declarou.
Conselho de Honra
O militante elogiou a criação do Conselho de Honra como forma de valorizar a experiência dos mais velhos no partido, mesmo com a renovação das estruturas. “Os mais velhos nunca serão afastados definitivamente.
Quando o presidente do partido sair, ele será presidente emérito. Isso está nos estatutos e fortalece o equilíbrio entre a juventude e a experiência”, explicou. O jovem terminou reafirmando a sua fé, coragem e compromisso com os valores do MPLA, referindo que a sua candidatura é uma demonstração do espaço democrático dentro do partido.
Apelo à reflexão profunda
O presidente do Partido de Renovação Social (PRS), Benedito Daniel, convidado ao Congresso Extraordinário do MPLA, ressaltou a necessidade de o partido no poder reflectir sobre a sua actuação e alinhar as suas estratégias às expectativas do povo angolano.
“Se este congresso fizer uma reflexão séria, sincera e sem paixões, acreditamos que o MPLA poderá reformular as suas estratégias e programas, de modo a adequá-las às demandas do povo angolano.
Caso contrário, se entenderem que tudo está bem, poderão continuar com os mesmos programas, mas estarão cada vez mais distantes da população”, afirmou Benedito Daniel.
O líder do PRS frisou que os angolanos aguardam resultados concretos do congresso, não apenas em benefício do MPLA, mas de todo o país. Segundo ele, as reformas devem visar atender às necessidades reais da população.
Compromisso com a paz em África
Benedito Daniel elogiou também o comprometimento do Presidente João Lourenço em contribuir para a pacificação dos países africanos, como o Sudão. “Os conflitos em qualquer parte do mundo nos afectam indirectamente. Quanto menos conflitos houver em África, maior será o desenvolvimento.
Apelamos aos países envolvidos que colaborem com o Presidente João Lourenço para trazer a paz aos territórios africanos”, destacou. O presidente do PRS concluiu reafirmando a importância de esforços colectivos para garantir estabilidade e progresso no continente africano, enfatizando que a paz é uma condição essencial para o desenvolvimento.
O Congresso Extraordinário do MPLA não é apenas uma reafirmação da trajectória histórica do partido, mas um esforço no sentido de se adaptar ao futuro. À medida que o MPLA avança em direcção ao Congresso Ordinário de 2026 e às eleições gerais de 2027, as decisões tomadas neste momento serão cruciais para definir o seu papel na política e no desenvolvimento do país.