O partido, na pessoa do seu porta-voz, acredita que até antes mesmo do dia 20, data marcada pelas centrais sindicais para o início da greve na função pública, o Executivo e os sindicatos chegarão a um acordo que poderá anular a tentativa de paralisação das actividades laborais no funcionalismo público em toda a extensão do território nacional
O porta-voz do MPLA, Esteves Hilário, disse, ontem, que o seu partido está confiante num acordo, ainda no decorrer dos próximos dias, entre o Executivo e as centrais sindicais com vista à resolução da problemática à volta do salário mínimo nacional.
Falando em conferência de imprensa, em Luanda, Esteves Hilário considerou que a proposta de aumento salarial, na ordem dos 100 mil kwanzas, não é possível de atender porque poderá afectar, negativamente, as finanças públicas, pelo que defendeu o bom senso dos sindicalistas.
Segundo o político, até antes mesmo do dia 20, data marcada pelas centrais sindicais para o início da greve na função pública, o Executivo e os sindicatos chegarão a um acordo que poderá anular a tentativa de paralisação das actividades laborais no aparelho público em todo o país. Esteves Hilário afirmou que as negociações continuam abertas e que, até à data convocada para o início da greve, as partes poderão entrar num acordo. “Nós estamos cientes que o bom senso prevalecerá”, frisou.
Maior sensibilidade
O porta-voz do MPLA referiu ainda que a grande questão que se impõe não é propriamente as rondas de negociações que estão a acontecer. A preocupação, referiu, está no facto de o país não ter capacidade financeira, nesse momento, para a definição do salário mínimo nacional na ordem dos valores que estão a ser exigi- dos pelas centrais sindicais. “Essa é a grande questão. Que- remos que os sindicalistas sejam claros e compreendam as dificuldades que o país tem estado a enfrentar e compreendam a nossa capacidade de produção nacional”, defendeu.
À volta desse impasse entre as partes, que até ao momento não chegaram a um acordo sobre a definição do salário mínimo nacional, Esteves Hilário disse que o mais importante é que não se fechem as portas ao diálogo até que se encontre uma solução que beneficie as partes. “O diálogo deve continuar ainda que não cheguemos a um acordo nesse momento.
As portas para a negociação, do nosso lado, estarão sempre abertas até encontrarmos consenso que nos possa levar a bom porto”, apontou o político que referiu ainda que o MPLA reconhece o momento actual que o país vive e solidariza-se com as centrais sindicais na busca de melhores condições salariais para os trabalhadores.
O impasse
De recordar que as centrais sindicais marcaram uma greve geral na função pública com início previsto para a próxima quartafeira, dia 20. Os sindicalistas exigem aumento do salário mínimo nacional até os 100 mil Kwanzas, posição que está a ser contrariada pelo Executivo que alega falta de condições da economia, das empresas e das famílias.
Caso se venha a efectivar, o país poderá registar a maior greve da sua história em três fases: entre 20 e 22 de Março, 22 e 30 de Abril e entre 03 e 14 de Junho deste ano. Uma acção que está a ser desenvolvida por três das maiores organizações sindicais. Trata-se da União Nacional dos Trabalhadores Angolanos (UNTA-CS), Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA) e Força Sindical Angolana – Central Sindical (FSA-CS), ao passo que a Federação dos Trabalhadores da Saúde, Administração Pública e Serviços, demarca-se da iniciativa.