O secretário para informação do MPLA, Rui Falcão, desmentiu, em declarações exclusivas ao jornal O PAÍS, na cidade do Cuíto, província do Bié, à margem da apresentação da agenda política do seu partido, informações postas a circular segundo as quais o assunto relativo a alegados escândalos no Tribunal Supremo teriam sido retirados da programação da última reunião do Bureau Político (BP), realizada Segunda-feira, 06, na capital do país
Abordado por este jornal, à saída do recinto que acolheu o acto político de massa, na província do Bié, Rui Falcão admitiu que, embora não tivesse feito parte da agenda, o BP foi, entretanto, informado sobre o que está a ocorrer em dois tribunais superiores, designadamente o de Contas e o Supremo, mas descarta, desde já, qualquer tomada de decisão do seu partido, remetendo toda a responsabilidade aos órgãos do Estado, que, segundo disse, já desenvolvem acções tendentes à resolução dos problemas.
De sorte que o político tenha considerado falsas as informações postas a circular segundo as quais o assunto relacionado com os escândalos de alegada má-gestão no Tribunal Supremo, imputada ao seu presidente, Joel Leonardo, te- ria sido retirado da agenda da última reunião do Bureau Político, realizada Segunda-feira, 06, em Luanda.
“Isso é falso, não corresponde. O Bureau Político foi informado, apenas isso”, assevera o político, que descarta qualquer interferência do seu partido no andamento de qualquer processo a respeito. Nos últimos dias, o país tem sido assolado por supostos escândalos de alegada má-gestão em dois tribunais superiores, nomeadamente no de Contas e Supremo.
Em relação ao primeiro, o Presidente da República, João Lourenço, manifestou preocupação devido ao quadro vigente, por via de uma nota divulgada pelos seus serviços de apoio. No entanto, antes mesmo de Exalgina Gambôa, juíza presidente demissionária do referido órgão sobre quem recaem suspeitas de peculato, ter renunciado ao cargo, já o presidente João Lourenço lhe tinha convidado a abandonar a função, conforme sugere a nota da Secretaria de Comunicação e Imprensa da Presidência da República.
Logo a seguir à renúncia ao cargo, a Procuradoria-Geral da República entrou em cena, notificando- a, ao que se seguiu a constituição como arguida, por crimes de peculato, extorsão e corrupção. Sobre Joel Leonardo recaem suspeitas de abuso de poder, alegada venda de sentenças, ao que se junta à má-gestão. Por conta do qual, os seus pares, no Conselho Superior da Magistratura Judicial, a que preside, supostamente o têm pressionado a renunciar ao cargo, como tem sido noticiado por vários órgãos de comunicação social.
Assunto dos órgãos do Estado
Sem entrar no mérito da causa, ao jornal O PAÍS, o secretário para informação e propaganda do Comité Central do Bureau Político do MPLA, Rui Falcão, assevera apenas ser “um problema que os órgãos do Estado têm de desenvolver, estão a trabalhar nisso, e o assunto vai ser resolvido”. Segundo constatação de alguns analistas, o partido governante tem vindo a dar vários sinais de que não vai tolerar acções desviantes de militantes seus no governo por si suportado. Aliás, tal facto aparece subjacente na comunicação política de Luísa Damião, quando presidiu ao acto de apresentação da agenda política de 2023, na cidade do Cuíto.
No Bié, a vice-presidente província do MPLA reforçou a ideia de uma gestão rigorosa e, por isso, chama atenção aos seus militantes com cargos de responsabilidade em instituições do Estado que assumam um comportamento parcimonioso para com os recursos públicos, tendo, neste particular, assegurado a garantia de uma governação de qualidade, “com ênfase no controlo e execução das despesas públicas em prol do desenvolvimento das populações”, sublinhou.