À margem do encontro, o secretário executivo da CIRGL, o angolano João Samuel Caholo, destacou a importância estratégica da organização regional, considerada como “o pulmão do continente”, que sustenta indústrias internacionais, incluindo a armamentista, naval e de tecnologias digitais, devido à sua riqueza em matérias-primas essenciais.
Contudo, lamentou a constante instabilidade que assola os países membros, comprometendo o desenvolvimento da região.
João Samuel Caholo apontou que a República Centro-Africana, o leste da República Democrática do Congo (RDC) e o Sudão são as três áreas que mais preocupam – sobretudo –, pela ameaça representada pela movimentação de grupos armados e mercenários que transitam livremente entre as fronteiras da região.
“Por isso, apelamos aos ministros da Defesa a uma maior vigilância e coordenação de actividades conjuntas para monitorar as fronteiras e conter estas forças negativas”, afirmou.
O secretário mostrou-se também preocupado com o recrutamento de mercenários da África Ocidental pelas milícias rebeldes sudanesas, o que intensifica ainda mais o conflito no Sudão.
“É urgente que os serviços de inteligência e outras entidades responsáveis pela estabilidade fronteiriça tomem medidas concretas para travar esta situação”, reforçou.
João Samuel Caholo saudou ainda o actual compromisso político da CIRGL na procura de soluções concretas para a paz e estabilidade nos países-membros.
“Pela primeira vez, temos um comprometimento político genuíno. Sob a liderança do Presidente João Lourenço, actual Presidente da CIRGL e Campeão da União Africana para a Paz e Reconciliação, acreditamos que podemos alcançar avanços significativos”, disse.
Papel da União Africana
Sobre o envolvimento da União Africana (UA), João Samuel Caholo mostrou-se crítico quanto ao desempenho da organização continental no apoio às iniciativas de estabilidade na região.
“Gostaria de ver uma União Africana mais activa e reformada para desempenhar plenamente o papel para o qual foi criada”, afirmou, defendendo reformas institucionais durante o mandato angolano à frente da CIRGL.
Progresso e compromisso
O ministro angolano da Defesa, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, João Ernesto dos Santos, presidiu a sessão e reiterou que a segurança é a base para o desenvolvimento sustentável.
Aproveitou a ocasião para destacar o progresso angolano no fortalecimento das Forças Armadas e no desenvolvimento de políticas públicas que promovem a diversificação económica e a redução da pobreza.
“Na República de Angola, a situação político-militar está calma e sob controlo. A estabilidade vigente é um exemplo do que pode ser alcançado quando os Estados priorizam a paz e a segurança”, declarou o ministro. O encontro, que decorreu a portas fechadas, visou analisar a preparação da 9.ª Cimeira Ordinária dos Chefes de Estado e de Governo da CIRGL.
Entre os temas principais estiveram a operacionalização do Mecanismo Conjunto de Verificação Alargada e o fortalecimento do Centro de Inteligência da CIRGL, ambos essenciais para a prevenção de conflitos e a promoção da cooperação regional.