O vice-primeiro ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros da República Democrática Federal da Etiópia, Demeke Mekonnen Hassen, enalteceu ontem, terça-feira, em Adis Abeba, o desempenho de Angola no processo de pacificação na Região dos Grandes Lagos e da República Centro Africana, assim como o papel do Presidente João Lourenço, enquanto Campeão para a Paz e Reconciliação a nível continental
O governante etíope fez este pronunciamento no decurso da audiência concedida ao embaixador angolano, Francisco José da Cruz, que cessa funções em Adis Abeba, devendo seguir para Nova Iorque, onde vai assumir o cargo de representante permanente junto da ONU.
Faki Mahamat manifestou o seu apreço pelo facto de Angola estar a dar a devida prioridade às questões africanas, com acções concretas de engajamento a nível da União Africana (UA) e por tomar a decisão de destacar tropas na RDC para apoiar o processo de acantonamento das forças rebeldes do M23. Já o diplomata angolano reiterou a sua satisfação pelo facto de a UA ter decidido realizar a 12ª Edição do Diálogo de Alto Nível sobre Democracia, Governação, Direitos Humanos, Tendências, Desafios e Perspectivas, em Luanda, no segundo semestre do ano em curso.
As relações entre os dois países são históricas e de amizade, animadas pela defesa do multi-lateralismo na resolução de problemas globais e do pan-africanismo na base da implementação da Agenda 2063 da União africana (UA), denominada “a África que nós queremos”. Ambos os interlocutores analisaram questões prioritárias da agenda bilateral, realçando- se a necessidade de revisão dos acordos existentes nas áreas dos serviços aéreos e do comércio e a assinatura de três novos instrumentos jurídicos.
Trata-se do Acordo Geral de Cooperação nos domínios económico, técnico científico e cultural entre os dois países, o Memorando de Entendimento para o Estabelecimento de Mecanismos de Consultas Políticas entre o Ministério das Relações Exteriores de Angola e o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Etiópia, assim como o acordo sobre isenção de vistos em passaportes diplomáticos e de serviço.
De forma veemente, o embaixador Francisco da Cruz defendeu a reversão da fraca inserção de quadros angolanos nas estruturas da organização continental, que corresponde apenas a 5% da sua quota e solicitou a assistência da Comissão da União Africana para o efeito. Recorda-se que o embaixador Francisco da Cruz despediu-se recentemente do presidente da Comissão da União Africana, o tchadiano Moussa Faki Mahamat, que lhe outorgou um certificado de mérito e o distintivo da UA por ter representado o seu país “com competência e dedicação” e contribuído diligen- temente “na promoção dos objectivos da nossa Organização Pan-Africana, incluindo a pro- moção de uma maior compreensão e cooperação no seio da comunidade africana em geral”.