Eugénio César Laborinho considerou, ontem, no encerramento da 26ª Conferência Regional Africana da Interpol que o combate aos crimes transnacionais exige uma conjugação de esforços, sendo, por isso, necessária a colaboração de todos os Estado-membros para a erradicação deste mal
O ministro do Interior referiu que as representações africanas da Interpol, bem como a Afripol, devem estar cada vez mais dotadas de homens e meios capazes de dar resposta rápida e eficaz aos desafios do mundo actual. Segundo o ministro, Angola está a fazer sérios investimentos nos órgãos castrenses, colocando à disposição dos técnicos equipamentos tecnológicos de última geração e que têm estado a ajudar no descobrimento de crimes e de criminosos. Eugénio Laborinho considerou essencial haver este investimento, pois os criminosos têm estado a reinventar-se diariamente.
“Por isso, entendemos que nós também devemos investir em nós de maneira a estarmos sempre a três passos à frente deles”, referiu. Em relação aos crimes de tráfico de drogas, o ministro afirmou que Angola ainda não é “um país consumidor”, sendo apenas “um país de passagem” de muitas dessas substâncias, maioritariamente provenientes do Brasil.
Todavia, garantiu que os órgãos de polícia de investigação criminal têm estado atentos a estes crimes e levado muitos dos seus praticantes às barras da justiça. Antes do encerramento da 26ª Conferência Regional Africana da Interpol, Eugénio César Laborinho, ao lado do presidente daquela organização, o oficial de alta patente dos Emirados Árabes Unidos, Ahmed Naser Al-Raisi, fez o corte do bolo por ocasião do 41º aniversário da adesão de Angola à Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol).
Interpol reconhece importância de Angola na organização
O ministro das Relações Exteriores, Téte António, realçou a importância do evento estar a acontecer em Angola, num momento em que a Interpol completa 100 anos desde a sua fundação, assim como os 41 anos da adesão de Angola à organização. Salientou que o facto de a 26ª Conferência Regional Africana da Interpol estar a acontecer em Angola representa o valor que o país grangeia na organização, sendo, também, um dos principais actores em matéria de promoção da paz e segurança na arena internacional.
Frisou que a Interpol está bastante compenetrada no combate aos crimes transfronteiriços, que, hoje por hoje, são cada vez mais sofisticados. “Então esses encontros são de capital importância para o reposicionamento dos Estados no com- bate a estes crimes”, disse. Sublinhou que a dimensão que os crimes alcançaram nos dias que correm, exigem que os países trabalhem, conjuntamente, para que possam ser encontradas as melhores soluções de maneira a se pôr fim a este fenómeno. Acrescentou que o encontro de Luanda é também um passo importante para a diplomacia angolana, tendo que em conta que esta conferência permitiu o reforço dos laços de cooperação entre Angola e os parceiros africanos da Interpol, em matéria de paz e segurança.
União Africana comprometida com a segurança do continente
Por seu turno, a vice-presidente da Comissão da União Africana (UA) garantiu haver uma forte colaboração entre esta organização continental e a Interpol, cuja visão de ambos organismos está assente na paz, integração e prosperidade dos povos africanos. Afirmou que o desenvolvimento que tanto se almeja só será possível se o continente estiver em paz, e, neste sentido, a Interpol tem sido um parceiro importante, em colaboração com as polícias dos Estados-membros. Monique Nsanzabaganwa reafirmou o compromisso da organização em defender os interesses do continente, que passam pelo derrube dos grupos de crime organizado, combate ao terrorismo, promoção da empregabilidade, educação e saúde de qualidade.
Disse que a UA continuará apostada na implementação de iniciativas que visam o alcance da paz, constantes do Plano de Desenvolvimento Continental de 50 anos (Agenda UA 2063), além da agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável. Destacou os esforços que têm sido empreendidos pela Interpol neste quesito, garantindo que a organização policial internacional é um veículo importante para o estabelecimento da ordem e tranquilidade públicas na região. A vice-presidente da Comissão da União Africana apelou, também, a um maior asseguramento das fronteiras africanas marítimas e terrestres, tendo em conta as trocas comerciais entre os Estados. Instou, por isso, aos comandantes das polícias Afripol e Interpol a apoiarem a agenda da UA para a paz e segurança dos seus povos.