A Comissão Nacional de Angola para a UNESCO e as congéneres da CPLP estão desde ontem reunidos, em Luanda, para um encontro de concertação, troca de experiências e boas práticas alinhadas às recomendações da UNESCO. O encontro, que termina hoje, acontece sob o lema “O fortalecimento do diálogo científico e cultural para uma CPLP mais coesa”.
Alexandre de Sousa Costa, secretário permanente da Co- missão Nacional de Angola na UNESCO, disse que a ideia é trocar experiências e boas práticas ao nível dos países de ex- pressão portuguesa. Segundo o responsável, o certame surge também como forma de solucionar os problemas que estão na base do desalinhamento de estratégias entre os Estados-membros, no âmbito daquilo que são as recomendações da UNESCO.
Para ontem, primeiro dia de debates, foram abordados dois temas, nomeadamente “Cátedras UNESCO”, que consta do alinhamento e do programa da organização internacional, e o “Plano de Gestão dos Patrimónios da UNESCO”, do qual Angola abordou sobre as várias formas de gestão do património, fundamentalmente a da cidade de Mbanza Kongo, na província do Zaire.
Angola viu eleita a sua primeira Cátedra em Ciências e Humanidade no ano passado, através Universidade Mandume ya Ndemufayo (UMN), do Lubango, e procura lançar esta temática junto de outros actores das instituições de ensino e investigação científica sobre as possibilidades existentes de se avançar neste quesito.
Gestão patrimonial
No plano da gestão de patrimónios, Emmanuel Caboco, representante do Ministério da Cultura e Turismo, fez uma incursão da gestão global do património nacional, que incide sobre os bens classificados e aqueles que estão projectados para possíveis candidaturas para património mundial. O responsável salientou que o primeiro plano de gestão corres- ponde ao quinquénio 2017/2021, que já se encontra fora de uso, avaliado pela UNESCO e, neste momento, encontra-se em redacção a actualização do plano de gestão correspondente a Mbanza Kongo, enquanto patromónio imaterial da humanidade.
Cátedras são mais-valia para as instituições de ensino
Para o secretário de Estado para o Ensino Superior, Eugénio Alves da Silva, a reunião afigura-se importante porque permite, através da interacção, saber o que cada comissão está a fazer, quais as suas prioridades em termos de acções a desenvolver e que programas é que têm em curso. Quanto à investigação científica, Angola possui actualmente duas cátedras na UNESCO, sendo uma na Universidade Católica de Angola (UCAN) e outra na Universidade Mandume ya Ndemufayo (UMN), no Lubango.
Na sua cátedra, a UCAN desenvolve projectos de investigação de língua portuguesa como factor de comunicação e de identidade nacional. Já a Universidade Mandume ya Ndemufayo tem projectos mais ligados à biodiversida- de e ecossistemas, mas também ao estudo das comunidades locais numa perspectiva etnográfica e cultural.
E isto permite ampliar o conhecimento sobre a realidade do modo de vida dos povos do sul e sudoeste de Angola, assim como conhecer a dinâmica da língua portuguesa que é um factor de identidade cultural. Para Eugénio Alves da Silva, estes estudos interessam fundamentalmente aos académicos, porquanto a produção de conhecimento é importante para a elaboração de políticas, tanto de desenvolvimento cultural como linguístico, dentro das comunidades.