Na sua declaração final, os Chefes de Estado e de Governo Africanos, reunidos para a primeira Cimeira Africana sobre o Clima (CAC) em Nairobi, Quénia, apelaram à comunidade mundial para que adopte medidas urgentes para reduzir as emissões, a cumprir as suas obrigações, manter as promessas do passado e apoiar o continente na abordagem das alterações climáticas. Encerrou, ontem, a primeira Cimeira Africana sobre o Clima que decorreu em Nairobi, capital do Quénia, de 04 a 06 de Setembro.
O evento juntou Chefes de Estado e de Governo Africanos, líderes mundiais, organizações intergovernamentais, Comunidades Económicas Regionais, Agências das Nações Unidas, sector privado, organizações da sociedade civil, povos indígenas, comunidades locais, organizações de agricultores, crianças, jovens, mulheres e universidades.
No final do evento foi produzida uma declaração (a Declaração de Nairobi) em que ficaram patentes a visão, os compromissos e as recomendações dos Chefes de Estado e de Governo Africanos.
A comunidade mundial foi apelada a acelerar todos os esforços destinados a reduzir as emissões para alinhar com os objectivos estabelecidos no Acordo de Paris e a honrar o compromisso de disponibilizar 100 mil milhões de dólares em financiamento anual para as questões climáticas, tal como prometido há catorze anos na Conferência de Copenhaga.
Os líderes africanos apelaram ainda a comunidade mundial a manter os compromissos de um processo justo e acelerado de eliminação progressiva do carvão e de abolição de todos os subsídios aos combustíveis fósseis e a operacionalizar rapidamente o mecanismo de perdas e danos acordado na COP27.
Reconheceram que as alterações climáticas são o maior desafio que a humanidade enfrenta e a maior ameaça a toda vida na terra, alegando que as mesmas exigem uma acção urgente e concertada de todas as nações para diminuir as emissões e reduzir a concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera.
Reconheceram, por outra, que África não é historicamente responsável pelo aquecimento global, mas suporta o peso do seu efeito, com impacto nas vidas, nos meios de subsistência e nas economias.
Sublinharam que a África possui tanto o potencial como a ambição de ser uma componente vital da solução a nível mundial para as alterações climáticas, considerando o Continente “Berço” como o lar da força de trabalho mais jovem e com o crescimento mais rápido do mundo, aliado a um enorme potencial inexplorado de energias renováveis, à abundância de recursos naturais e ao espírito empreendedor.
“O nosso continente tem as principais condições para ser pioneiro de uma via favorável às questões climáticas, enquanto pólo industrial próspero e competitivo em termos de custos, com capacidade para apoiar outras regiões para o alcance das suas ambições de zero emissões líquidas”, declararam.
Reiteraram a disponibilidade de África para criar um ambiente propício, adoptar políticas e facilitar os investimentos necessários para desbloquear recursos, não só para cumprir com os seus próprios compromissos em matéria de clima, mas também para contribuir de forma significativa em prol de uma descarbonização da economia mundial.