Um grupo composto de pelo menos 200 jovens munidos de diversos objectos protagonizou, na noite de sábado, actos de arruaça e vandalismo na vila de Buco-Zau, província de Cabinda, provocando a destruição de alguns bens públicos e privados
Pelo facto, o comando municipal da Polícia Nacional no Buco-Zau deteve, no domingo, o secretário-geral local da JURA, braço juvenil do partido UNITA, Júlio Bumba Muel, acusado de mobilizar um grupo de jovens para protagonizar os referidos actos de arruaça contra a operação de combate à exploração ilícita de ouro levada a cabo pelas autoridades na região.
Em declarações ao jornal OPAÍS, o comandante da Polícia Nacional na região, superintendente chefe António César Tati, afirmou que os seus efectivos em coordenação com outros órgãos de defesa e segurança iniciaram, na passada sexta-feira, 1, uma “operação de limpeza” nas zonas consideradas críticas onde se desenvolve a actividade de garimpo de ouro com grande intensidade.
No primeiro dia da operação, explicou, a Polícia apreendeu dez motorizadas que facilitavam a transportação dos compradores e dos garimpeiros nas áreas de exploração deste metal precioso. No dia seguinte, as forças da ordem realizaram uma barreira de contenção que permitiu a detenção de 10 garimpeiros provenientes das zonas de exploração ilícita de Penicácata e Chilute.
Segundo o superintendente chefe António César Tati, o “cidadão Júlio Bumba Muel, insatisfeito com as medidas da Polícia, por se tratar de um dos mentores da actividade ilícita de garimpo, e com o intuito de soltar os 10 garimpeiros detidos, mobilizou um grupo de jovens, também garimpeiros, e criou uma barricada no bairro Cruzamento do Caio, na entrada da vila de Buco-Zau.
O regedor da área tentou persuadir Júlio Muel a desistir daquela prática, mas este não aceitou, já que estava determinado em impedir que os elementos detidos pela Polícia chegassem ao Comando Municipal. “Felizmente, a nossa viatura conseguiu transpor a barreira”, referiu António Tati.
Insatisfeito com a situação e aproveitando-se da sua condição de líder juvenil, Júlio Muel mobilizou mais jovens e, com ele no comando, dirigiram-se à sede da vila de Buco-Zau munidos de vários instrumentos e outros objectos contundentes onde protagonizaram vários actos de arruaça e vandalização de bens públicos e de particulares.
Segundo a Polícia, foram destruídas 280 plantas e respectivas cercas, os candeeiros do muro de vedação de uma hospedaria, danificaram vidros da casa protocolar da Administração Municipal, arremessaram pedras e garrafas no Comando Municipal da Polícia e danificaram parcialmente o pára-brisas de uma viatura de marca Toyota Hillux. “Em pronta resposta, as forças da ordem detiveram Júlio Bumba Muel, mentor da desordem, e, neste momento, já foi presente ao Ministério Público para o tratamento subsequente”, afirmou o comandante António César Tati.
Administração local
Diante da situação, a Administração Municipal de Buco-Zau, através de uma nota de repúdio a que este jornal teve acesso, encoraja as autoridades competentes a prosseguir com as medidas que visam impedir o garimpo e a adoptarem as devidas medidas no sentido de responsabilizar os autores pelos actos e pelos danos causados.
As autoridades da referida circunscrição exortam a juventude a não se deixarem instrumentalizar, mesmo no exercício dos seus direitos, liberdade e cidadania, apelando os jovens a pautarem por uma conduta cívica, urbana e responsável assente no respeito e protecção do património público e privado, à diferença e tolerância política. Os responsáveis de Buco-Zau convidam todas as forças vivas da sociedade para em conjunto trabalharem para edificação de um município digno, belo e que orgulhe todos.
Reacção da UNITA
O secretário municipal da UNITA em Buco-Zau, António Bufeca, condenou a acção protagonizada por esse grupo de jovens e negou tratar-se de pessoas afectas ao partido do “galo negro”. Em relação ao envolvimento do secretário municipal da JURA nas arruaças de sábado, António Bufeca adiantou que as estruturas superiores do partido foram já informadas sobre o caso e deverão ser tomadas medidas internas sobre a má conduta do seu militante.
Segundo o secretário da UNITA, essa atitude não se configura como uma acção política senão um acto de fórum criminal que merece ser punido de acordo com a lei. “Não podemos tolerar uma situação dessas por- que queremos um município que vive com harmonia entre os partidos políticos, mas sabendo cada um a sua linha de actuação”, defendeu.
De acordo com o político da UNITA, no decurso da operação contra o garimpo de ouro levado a cabo pelas autoridades, os efectivos da Polícia excederam na sua actuação, o que motivou as referidas escaramuças. “Eles não tiveram a calma suficiente ao reagirem assim. Deveriam ou comunicar a Administração Municipal ou as estruturas superiores da Polícia Nacional sobre as irregularidades que estavam a registar-se na operação de combate ao garimpo”, observou o político.