Ao discursar na abertura da 16.ª Cimeira Empresarial EUA-África, para a qual foi convidado também na qualidade de primeiro vice-presidente da União Africana, defendeu, por isso, que esta dívida deve merecer a atenção das instituições de crédito, de modo que seja estabelecido algum equilíbrio entre as obrigações perante o credor e os imperativos de execução dos programas de desenvolvimento dos países africanos.
Por outro lado, João Lourenço afirmou que um importante vector da relação de África com os EUA é o comércio, no âmbito do qual se têm processado operações com vantagens recíprocas, e a África consegue, por esta via, assegurar receitas consideráveis para a concretização de projectos de desenvolvimento socioeconómico.
Disse, segundo a Angop, que tem seguido com atenção e interesse o processo de renovação da Lei de Crescimento e Oportunidades para África (AGOA), por se tratar de um mecanismo importante para o enquadramento das trocas comerciais, que se pretende que seja cada vez mais inclusivo e flexível, para que se possa tirar destes benefícios recíprocos tangíveis.
O Presidente da República fez votos de que os resultados dos trabalhos desta cimeira sejam devidamente aproveitados, para “juntos construirmos uma parceria que promova o desenvolvimento económico e social do continente africano e seja, ao mesmo tempo, benéfica para as instituições credoras e investidores privados americanos”.
O Chefe de Estado angolano está entre as entidades governamentais de África convidadas para a cúpula, que vai discutir, durante quatro dias, soluções para impulsionar a cooperação comercial entre norte-americanos e africanos.
Mais investimento norte-americano em África
Por outro lado, João Lourenço afirmou que África conta muito com a nova parceria dos EUA para o financiamento da construção de infra-estruturas de que necessita para o seu desenvolvimento.
Destacou a importância do investimento privado para a economia dos países africanos, que precisam de aumentar e diversificar a produção de bens de consumo e serviços, transformar as matériasprimas e diversificar os produtos de exportação.
Contudo, reconheceu a importância do investimento público e das parcerias público-privadas em infra-estruturas, para o salto que o continente pretende dar e que “já chega com atraso em comparação com outras regiões do planeta”.
No entender do Presidente João Lourenço, a integração económica das comunidades económicas regionais e de África, no seu todo, implica haver maior mobilidade, conectividade, facilidade de circulação e partilha de algumas infra-estruturas fundamentais entre os países africanos para se poder ligar facilmente os países do norte do continente, do Magreb, ao sul da África Austral, ou os países da costa ocidental africana banhada pelo oceano Atlântico aos países da costa oriental africana banhados pelo oceano Índico.
Para se alcançar este propósito, frisou que é necessário um investimento forte na construção de vias rodoviárias, estradas e auto-estradas transnacionais, de mais caminhos-de-ferro, de mais barragens hidroeléctricas e respectivas linhas de transmissão, mais quilómetros de cabos submarinos e de fibra óptica, o que vai também viabilizar a efectiva implementação do Acordo de Livre Comércio Continental.
“O continente africano conta convosco para aumentar sua capacidade de produção de energia hidroeléctrica a partir de seus abundantes recursos hídricos, a construção de parques fotovoltaicos de produção de energia solar, num continente com abundância de sol que se desperdiça”,
expressou.
Comunicação e informação
Durante a sua intervenção, João Lourenço falou também da importância das infra-estruturas de comunicação e informação através de satélites, cabos submarinos, redes de fibra óptica e torres repetidoras para a telefonia móvel e expansão do sinal de internet, enquanto ferramentas vitais para o mais rápido desenvolvimento de África.
“Neste momento em que muito se fala da necessidade da gradual transição energética para se salvar o planeta Terra do efeito de estufa e suas já muito visíveis consequências, gostaríamos de ver o investimento privado directo americano na exploração e transformação, de preferência local, dos minerais críticos abundantes em África, para a produção de baterias para os carros eléctricos, dos painéis solares, dos semicondutores e ships nesta era do crescimento exponencial da inteligência artificial”, convidou João Lourenço.
O Presidente angolano figura entre as entidades governamentais de África convidadas para a cúpula, que vai discutir, durante quatro dias, soluções para impulsionar a cooperação comercial entre norte-americanos e africanos.
Além desta, João Lourenço tem, ainda para esta terça-feira, previstas duas intervenções em Diálogos de Alto Nível sobre Investimento em Infra-estruturas Estratégicas e Crescimento Sustentável e o Futuro Energético de África.
Propósito da Cimeira
A cimeira é uma iniciativa que visa discutir soluções eficazes para impulsionar parcerias comerciais sustentáveis entre os EUA e o continente africano, que se mostra cada vez mais estratégico e prioritário na política externa da Administração norte-americana.
O objectivo principal do encontro é possibilitar que os líderes africanos contactem, de forma directa, os decisores de Governos e do sector privado, a fim de se impulsionar parcerias empresariais sustentáveis entre os EUA e os africanos.
A organização da cimeira prevê levar à mesa temas de importância capital para o fortalecimento de parcerias empresariais mutuamente vantajosas, com particular destaque para o sector do agronegócio