O Presidente da República, João Lourenço, que ontem iniciou o cumprimento do programa oficial de três dias ao Japão, disse que o nível do investimento privado nipónico em Angola ainda não é o desejado, mas reconheceu haver da parte dos dois Governos vontade para assinatura de vários acordos
O Chefe de Estado angolano fez estas declarações ao falar aos jornalistas no final do encontro que manteve ontem, em Tóquio, com o Primeiro-Ministro do Japão, Fumio Kishida. João Lourenço referiu que Angola e Japão têm que trabalhar para finalizar acordos, mostrando- se esperançoso de que o investimento privado nipónico ganhe novo impulso, quando o acordo estiver em vigor.
“Angola tem beneficiado de importantes financiamentos do Japão, sobretudo, para a construção de infra-estruturas públicas, com o foco no desenvolvimento da economia”, reconheceu, no entanto, o Presidente da República. Falando sobre a guerra na Ucrânia que já dura há mais de um ano, João Lourenço defendeu o fim do conflito porque “é uma guerra de dimensão internacional que está a causar uma crise alimentar e energética, afectando todos” e afirmou igualmente que toda a comunidade internacional deve trabalhar para o fim imediato da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Por outro lado, o Primeiro-Ministro do Japão, Fumio Kishida, reconheceu o potencial económico de Angola e manifestou a intenção de fortificar os laços de cooperação.
Encontro com o imperador do japão
Na visita ao Palácio Imperial, em Tóquio, João Lourenço foi recebi- do pelo Imperador Naruhito, no trono desde 2019, seguindo o rígido protocolo das visitas, apenas acompanhado da Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço. Com o Imperador, o Chefe de Estado angolano abordou as relações de amizade e cooperação que unem os dois países.
Fórum de Negócios Japão-Angola No quadro do Fórum de Negócios Japão-Angola, numa realização da Organização para o Comércio Externo do Japão (JETRO), em parceria com a Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações (AIPEX), João Lourenço adiantou que a participação no evento serviu para o aprofundamento do diálogo e troca de pontos de vista sobre as diversas oportunidades de investimento existentes nos dois países.
Segundo o Presidente da República, o Japão, como terceira maior economia mundial e com um grande volume de importações, as empresas angolanas podem beneficiar deste aspecto da economia japonesa, exportando para aquele mercado produtos de que se tem ou se venha a ter vantagens comparativas para além das já tradicionais matérias-primas. João Lourenço destacou ainda que a cooperação entre Angola e o Japão tem estado assente numa base de complementaridade com ganhos para ambas as partes e, sobretudo, com a visão de alcançar e reforçar o desenvolvimento económico e social dos dois países.
“É com base neste clima de cooperação que Angola tem beneficiado do know-how e do apoio financeiro do Japão em diversos domínios, quer públicos como privados. Angola vem beneficiando, ao longo dos anos, de várias linhas de crédito japonesas para financiar projectos de investimento público de grande impacto na nossa economia”, disse o Presidente no evento que reuniu membros dos Governos do Japão e de Angola, bem como empresários japoneses dos mais diversos sectores de actividade que, com a sua presença, demonstraram a firme vontade de investir em Angola.
O Chefe de Estado informou também que foram reabilitadas e apetrechadas, com equipamentos de ponta, três fábricas têxteis, nomeadamente a Textang II, em Luanda, a África Têxtil, em Benguela, e a Satec, no Dondo, província do Cuanza-Norte. Destacou que estas fábricas estão hoje a funcionar normalmente sob gestão de empresas privadas, na sequência da recuperação de activos do Estado que se encontravam indevidamente nas mãos de particulares que as deixaram paradas durante vários anos.
Fomento das unidades industriais
O Presidente da República disse, também, que a entrada em funcionamento destas unidades industriais vai fomentar a produção local de algodão, assegurando a oferta da matéria-prima funda- mental para a indústria têxtil angolana. De acordo com João Lourenço, com base no projecto de cooperação com a Agência de Cooperação Internacional do Japão, em Agosto de 2019, foi concluída a obra da segunda fase de reabilitação do Porto do Namibe, tendo sido assinado, no mesmo ano, o contrato de empreitada do Projecto Integrado da Baía do Namibe, que está a ser desenvolvido pela empresa japonesa Toyota Tsusho.
Sector das telecomunicações
No sector das Telecomunicações, João Lourenço considerou importante ressaltar a participação da empresa japonesa NEC Corporation e do JBIC, que tornaram possível a instalação dos Sistemas de Cabos Submarinos do Atlântico Sul (SACS), que conectam Angola e o Brasil e que entraram em funcionamento em Outubro de 2018. “Muitos outros projectos de investimento público e privado estão a ser implementados por empresas japonesas em Angola e, ao longo deste fórum de negócios, certamente que teremos a oportunidade de falar deles”, reforçou o Presidente da República.