O também ‘Campeão da União Africana para a Paz e Reconciliação’ defendeu que o alcance da estabilidade no continente africano é uma tarefa que só poderá ser realizada, com êxito, se houver um real engajamento de cada um dos Estados, uma visão defendida, igualmente, pelo especialista em assuntos africanos, Matias Pires, em declarações ao jornal OPAIS
caiu, ontem, em Adis Abeba, Etiópia, o pano sobre os trabalhos da trigésima sexta sessão Ordinária da Assembleia de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, evento em que Angola fez-se representar ao mais alto nível pelo Presidente da República, João Lourenço. O também ‘Campeão da União Africana para a Paz e Reconciliação’, viu os seus esforços, em prol da estabilidade do continente, a serem reconhecidos pelos diferentes líderes africanos e representantes de organizações internacionais presentes nos corredores da Cimeira da União Africana.
No encerrar das actividades, João Lourenço disse que o alcance da paz no continente é uma tarefa que só poderá ser realizada, com êxito, se houver um real engajamento de cada um dos Esta- dos, países, governos e populações do continente africano, que deverão, coordenadamente e em conjunto, empenhar-se na realização das acções que são delineadas pela Organização da União Africana, tendo em vista o fim dos conflitos e o silenciar definitivo das armas em África. No seu discurso, a que OPAIS teve acesso, João Lourenço disse que, durante os dois dias da Cimeira da União Africana abordou, exaustivamente, nas diferentes reuniões, as questões relativas à paz e à segurança em África, com especial realce o conflito que perdura na região Leste da República Democrática do Congo (RDC), apontando em perspectiva o que será, na sua visão, o caminho a seguir para a resolução deste intrincado problema.
Pacificação na RCA
O Presidente João Lourenço teceu, igualmente, algumas considerações sobre o processo de pacificação na República Centro Africana (RCA), que, frisando, que levou-(RCA), que, frisando, que levou- se a cabo um conjunto de iniciativas no sentido de, entre outros, convencer as lideranças dos vá- rios grupos armados que actuam no país a abandonarem a rebelião e a estabelecerem residência fora do território centro africano.
Para João Lourenço, estes esforços regionais conduziram à adopção do Roteiro Conjunto para a Paz na RCA, mais conhecido por Roteiro de Luanda, que definiu alguns eixos de actividade, dos quais destacam-se o cessar-fogo e o desarmamento, desmobilização, reintegração e repatriamento, que ajudaram no seu conjunto a criar um clima de maior distensão e compreensão. João Lourenço falou, também, dos entendimentos alcançados entre o governo da República Democrática Federal da Etiópia e a Frente Popular de Libertação do Povo Tigray, tendo-os felicitado, oportunamente, pela assinatura do acordo de paz ocorrido em Novembro de 2022.
Sudão vs Sudão do Sul
O Presidente da República referiu, por outro lado, que têm-se regista- do progressos satisfatórios no Sudão e no Sudão do Sul, em que ainda subsistem algumas preocupações que carecem de uma maior atenção. Sublinhou ter observado, com grande esperança, um desfecho positivo, pois os sinais encorajadores registados no âmbito dos processos de transição no Chade, na Guiné e no Burkina Faso, em que os vários actores políticos, dos respectivos países, têm procurado demonstrar cada vez mais a sua vontade e capacidade de ultrapassar as divergências existentes entre as diferentes partes envolvidas. No entanto, apesar dos sinais animadores que se vão constatando no Mali e na Líbia, João Lourenço considerou ser importante reconhecer que ainda persistem, nesses países, diferença bastante marcante entre os principais actores envolvidos no esforço de busca de soluções para os problemas que enfrentam.
Envolver a todos no mesmo roteiro
Para o especialista em relações internacionais e assuntos africanos, Matias Pires, as boas intenções de Angola devem ser seguidas com a concertação e integração dos principais actores dos conflitos. Segundo ainda o académico, Angola tem feito um esforço de reconhecida competência para que a paz reine no continente, mas é necessário, frisou, que as partes envolvidas tenham, igualmente, a mesma vontade política. Olhando para a situação na República Democrática do Congo, referiu que, por mais boa vontade que haja do mediador e outros actores, a vontade política de ambas as partes envolvidas no conflito que assola o Leste do país vizinho é fundamental. A título de exemplo, o especialista disse ser necessário que se inclua, nos roteiros de paz para aquele país, o próprio movimento M-23, a quem o governo congolês acusa de estar a ser financiado pelo vizinho Ruanda. “Há vários acordos em que o M-23 não é chamado à mesa. E, isso, de alguma forma, faz com que, muitas vezes, o M-23 não se sinta vinculado nas decisões que são tomadas”, lamentou.
Diplomacia angolana em alta
Noutra abordagem, Matias Pires considera que Angola sai da Cimeira da União Africana com a sua diplomacia reforçada, tendo em conta os diferentes encontros e acordos que assinou à margem do evento que reuniu a nata da política africana. De acordo ainda com Matias Pires, os Estados Unidos da América, por via da sua secretária de Estado Adjunta para África, Molly Phee, a União Europeia e a Organização das Nações Unidas (ONU) foram dos organismos que, durante a Cimeira da União Africana, manifestaram apoio ao Presidente João Lourenço na busca incessante pela paz no continente, mas, sobretudo na RDC. “É a nossa diplomacia que sai em alta e mais fortalecida. Ganhamos todos nós enquanto angolanos”, destacou o professor Matias Pires.
PR já no país
O Presidente da República, João Lourenço, regressou ao país, ontem, proveniente de Adis Abeba, Etiópia, onde participou na 36ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA). No Aeroporto Internacional “4 de Fevereiro”, o Chefe de Estado angolano, acompanhado da primeira- dama, Ana Dias Lourenço, recebeu cumprimentos de boas-vindas da Vice- Presidente da República, Esperança da Costa, e de altos funcionários do Executivo. Em Adis Abeba, a agenda do Presidente João Lourenço incluiu uma intensa actividade diplomática à margem da 36ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da UA, que decorreu Sábado e Domingo.