O Chefe de Estado falava durante a cerimónia de investidura do Presidente reeleito da União das Comores, Azali Assoumani, ocorrida na cidade de Moroni. Nos pleitos da região, prosseguiu, os resultados não geram, em regra, contestação violenta, que ponha em perigo a manutenção da ordem, estabilidade dos países, nem os fundamentos do estado democrático de direito.
Para este ano, João Lourenço, que discursava na qualidade de presidente em exercício da SADC, disse que a comunidade aguarda a realização das eleições gerais na Namíbia, no Botswana, em Moçambique e na África do Sul, onde se espera, mais uma vez, que os resultados venham a ser respeitados por todos os partidos concorrentes.
Considerou ser uma grande honra estar em Moroni, capital das Comores, para participar da cerimónia de investidura de Azali Assoumani, reconduzido nas eleições realizadas no dia 14 de Janeiro do corrente ano. Manifestou convicção de que a sua reeleição é o reconhecimento do povo das Comores pela acção empenhada no esforço de transformação do país rumo ao desenvolvimento económico, progresso social e prosperidade para todos.
“Sabemos que terá pela frente, uma vez mais, tarefas de elevado grau de complexidade para colocar o vosso país no caminho do desenvolvimento, mas acreditamos que vossa excelência, com seu dinamismo e devoção às causas mais nobres dos comorenses, saberá transpor os obstáculos e barreiras que surgirão pela frente”, frisou.
Reputou de importante a cerimónia que se realiza num momento oportuno para realçar o papel que Presidente investido desempenhou enquanto presidente em exercício da União Africana no ano 2023. Por isso, o estadista angolano disse tratar-se de uma oportunidade para se abordarem os grandes temas do continente, com realismo e pragmatismo, na perspectiva da sua resolução.
Exemplo de orgulho
Considerou que legado de Azali Assoumani orgulha a todos e vai servir de guia de orientação para definição de estratégias que permitam acelerar os processos de promoção de um diálogo tendentes a pôr fim aos conflitos no continente africano e, assim, abrir o caminho ao desenvolvimento económico e social dos países.
A cerimónia, prosseguiu, é uma demonstração de que a única via sustentável e legítima de se conquistar o poder em África, é através de eleições livres, justas e transparentes que dão ao povo a oportunidade de celebrar a festa da democracia com todas as suas reconhecidas virtudes.
Estabilidade e serenidade
João Lourenço afirmou que os líderes saídos dessas eleições podem contar com uma base popular ampla e consistente que lhes permitam governar com legitimidade, num clima de maior serenidade e estabilidade. Manifestou a sua preocupação com a situação de instabilidade e guerra ainda vigente em alguns Estados da SADC, nomeadamente em Moçambique e na República Democrática do Congo, para os quais reiterou o contínuo apoio e solidariedade.
Falou estar igualmente apreensivo com o conflito armado no Sudão que tem causado um número crescente de vítimas humanas e destruição de importantes infra-estruturas económicas do país, assim como um elevado número de deslocados internos e de refugiados, desestabilizando os países vizinhos que se vêem com dificuldades de acudir a emergência humanitária criada.
Disse compreender que as agências humanitárias internacionais priorizam o atendimento a outros conflitos em curso, nomeadamente na Palestina, para acudir, sobretudo, a situação de grave catástrofe humanitária em que se encontram as populações civis da faixa de Gaza. “Mas o povo sudanês merece igual atenção e a guerra no Sudão não pode ser uma guerra esquecida e simplesmente ignorada pela comunidade Internacional”, reforçou.