Terminaram os cem dias de graça desde que João Lourenço assumiu o poder como Presidente da República de Angola.
Por: Norberto Sateco
Findo o prazo de graça da actual governação, o líder do Galo Negro (UNITA), Isaías Samakuva manifesta- se satisfeito com os sinais de mudança evidenciados pela liderança de João Lourenço. Samakuva, em exclusivo ao OPAÍS, sublinhou, no entanto, que já lá se foram os tempos dos bons discursos e que agora a prioridade deverá ser a prática. “Nos já demos um benefício da dúvida. Os três meses inspiraram, assim como os bons discursos.
Queremos que o senhor Presidente passe agora para a prática” disse o dirigente político. O líder do maior partido da Oposição destacou a insistência da actual governação no combate à corrupção como um dos aspectos fulcrais a serem observados. “
Estou satisfeito com o insistente discurso do Presidente no combate à corrupção, pois o país precisa mesmo de inverter este quadro”, referiu. Para Lucas Ngonda, presidente da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), os sinais deixados até agora pela actual governação são positivos, na medida em que dão esperança de mudanças tendentes a melhorar a vida dos angolanos.
“Os primeiros 100 dias têm dado sinais de mudança de paradigma, o Presidente tem sido coerente para com a sua promessa da campanha eleitoral”, disse Ngonda. O político lembrou que o Presidente depende de uma formação politica que é o MPLA, mas, “por aquilo que ele já demonstrou no contexto da governação bicéfala, levanta muitas dúvidas que esteja a ser do agrado do núcleo” do partido dos camaradas.
Reconheceu, Ngonda, a coragem do Chefe de Estado, pela insistência no slogam de corrigir o que esta mal, mas, “penso que ele quer cumprir, só não sei se será tao fácil, pois o país precisa de mudar”. Aquele dirigente apelou às estruturas do MPLA no sentido de compreenderem que o país precisa de agir na dimensão das aspirações de todos os angolanos.
“Precisamos de eliminar as preferências partidárias porque os partidos são um fenómeno recente em África. Nós já existimos desde antes de qualquer partido político. Está mal e nós temos que corrigir, quer nos empregos e nas carreiras, a competência tem de superar as cores partidárias”, disse Lucas Ngonda.
Sobre as nomeações feitas para a administração pública e Governo, o líder do partido dos irmãos reconheceu estar alinhado com o programa do partido que governa, mas admite ser normal que inclua somente os seus membros daquela formação política para não atrapalhar os outros.
Já para o presidente do Partido de Renovação Social, Bendito Daniel, a actual governação deu sinais bastante firmes para aprofundar o processo de estabilização das estruturas do Estado, mas será preciso rigor na prática das promessas feitas nas urnas. “
Neste momento o que se precisa é colocar em prática as promessas feitas nas eleições, mas isto tem que ser com a colaboração do Bureau Político ed o Comité Central dos camaradas”, afirmou Benedito Daniel, para quem os sinais dados até ao momento são encorajadores para um verdadeiro aprofundamento do Estado de Direito e Democrático.
Da coligação CASA-CE, André Mendes de Carvalho, vice-presidente, alinha no mesmo diapasão dos sinais positivos a esperar que venham a ser efetivados no plano político, económico e social. “Ainda não existe nada de novo para além das mudanças em termos de cargos governativos. Vamos esperar que trabalhem de modo a cumprirem o que foi prometido ao povo. Vamos esperar”, concluiu André Mendes de Carvalhos, vice-presidente da coligação CASA-CE.