A II Assembleia plenária da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) evitou abordar a questão da destituição do presidente da República, João Lourenço, intenção manifestada pela UNITA, por considerar ser um assunto de disputa partidária, segundo o bispo de Cabinda e porta-voz da organização, Dom Belmiro Chissengueti
O porta-voz, que falava, nesta nesta Segunda- feira, 28, quando fazia o balanço da 2ª assembleia plenária anual da CEAST, que decorreu de 23 a 28 de Agosto do corrente ano, sobre presidência do arcebispo de Saurimo e presidente do órgão, Dom Manuel Imbamba, esclareceu que a questão da destituição ou não do Presidente da República é uma disputa partidária em que a Igreja não se deve posicionar.
Dom Belmiro Chissengueti disse que a igreja, enquanto “sal, luz e fermento”, está atenta aos sinais dos tempos e entende que o Presidente João Lourenço, enquanto gestor do bem comum, dever procurar distribuir melhor a riqueza do país. “A igreja defende na plenitude o homem e quem gere o dinheiro dos nossos impostos e taxas tem de fazer melhor, seja o Presidente João Lourenço agora ou quem vier”, defendeu o porta-voz da CEAST.
Por outro lado, a Igreja Católica negou ter previlégio da parte do Estado angolano, como alguma franja da sociedade afirma e justifica com o facto de não ter, por exemplo, um assento no Conselho da República. “Temos parceria na educação, na saúde e nos serviços penitenciários. Temos também concordatas. É neste sentido que a Igraja Católica actua, trabalhar no bem comum. Portanto, não temos privilégios, nem recebemos dinheiro do Orçamento Geral do Estado”, reforçaram os bispos.
Católicos contra profanação de campos santos
Recentemente, um episódio ocorrido em Benguela, em que um cidadão desenterrou e violou um cadáver, chocou a sociedade. A Igreja Católica condenou o acto e considerou uma falta de respeito, para depois pedir reflexão sobre as práticas de feitiçarias que vão crescendo e que, segundo o bispo de Cabinda, acontencem até nos gabinetes de membros do governo. Os bispos que estiveram na mesa do presidio da conferência de imprensa foram desafiados a falar sobre a pedófilia no seio da Igreja Católica. D. Belmiro Chissengueti disse que acompanha os da- dos pontuais do Instituto Nacional de Estatística (INE) e a Igreja nem aparece nelas.
Para o prelado católico, os casos de pedofilia acontecem mais no seio familiar e entre vizinhos, pelo que apontar o dedo à igreja Católica é um falso problema. Questionado se tem filhos em Benguela e Luanda, segundo denúncia de um jornal, Dom Belmiro Chissengueti respondeu que está descansado, pois quem os puder apresentar seria bom para que o pai possa os cuidar. “Já fui acusado de ser família de Savimbi, membro da UNITA, mas ninguém consegue provar isso”, acrescentou o bispo, desafiando a audiência sobre a denúncia apresentada que a torna pública provando o que se alega, sendo que o ónus recai para quem o acusa.
Conferência
A 2ª Conferência da CEAST, que se realizou, em Luanda, de 23 a 28 de Agosto, sob lema, “Sal, Luz e Fermento”, entre outros aspectos, recomendou as famílias a educarem as crianças consoante a vida cristã e deliberou que doravante a Assembleia anual ordinária será realizada na última se- mana de Fevereiro de cada ano. O encontro dos bispos Católicos de Angola e São Tomé recomendou ainda as paróquias a trabalharem junto das conservatórias para a aplicação do Acordo-Quadro entre o Estado angolano e a Santa Sé, que oficializa os matrimónios celebrados na Igreja.
POR: José Zangui