O historiador angolano Patrício Batsikama defendeu Sexta-feira,2, em Luanda, a necessidade da “Reconstrução dos factos verdadeiros” sobre a história do 4 de Fevereiro, dia do início da luta armada em Angola.
POR: Ireneu Mujoco
Falando numa palestra realizada no Quartel Principal dos Bombeiros, em Luanda, o historiador afirmou que as versões sobre o início da luta armada são “convergentes, mas apresentam perspectivas contrárias”, acrescentando haver “multicefalia” em relação aos protagonistas. “Sempre partilhei a opinião da necessidade de reconstruir os factos. Não são tão contraditórias, na verdade, mas apresentam perspectivas contrárias”, afirmou o palestrante. Disse haver um sinal da multicefalia em relação aos autores, acrescentando que existem documentos em arquivos portugueses e não portugueses que dizem que vários religiosos desempenharam um papel importante na luta de libertação.
“É o caso dos tokoistas, que acreditavam que Simão Toko deveria libertar Angola dos portugueses, e tomaram a iniciativa com a agressão”, apontou. Segundo Patrocínio Batsikama, já em 1962, Simão Toko, chamara as populações para voltar a repovoar as suas aldeias uma vez que se refugiavam nas matas. Dirigindo-se aos efectivos do Corpo de Bombeiros, o historiador insistiu dizendo ser preciso re construir os factos para melhor conhecer a nossa história e enaltecer os heróis do 4 de Fevereiro de forma despartidarizada.
Várias versões
Referiu que quando ocorreu o 4 de Fevereiro, havia em Luanda um número considerável de jornalistas que esperavam pelo navio Santa Maria, que fora desviado pelo capitão Henrique Galvão. “Cada jornalista contou à sua maneira. Ora, isso também, pode nos ajudar a reconstruir os factos”, afirmou o também professor universitário.
Lições aprendidas com o 4 de Fevereiro
Na opinião de Patrício Batsikama, cada angolano deve lutar incessantemente, sempre que possível, para libertar-se, e nunca permitir ser escravizado por ninguém, nem sequer por qualquer sistema escravizador. “Apesar do esforço, nenhum preso foi libertado, como se pretendia, e nunca mais os angolanos aceitaram qualquer domesticação externa”, sublinhou. Afirmou que o 4 de Fevereiro ensinou a sociedade angolana a organizar- se melhor, para evitar os insucessos e construir os capitais académicos e rentabilizá-los ao benefício do bem-estar colectivo. Disse ainda ser importante aceitar a multicefalia das tendências sociais, políticas, económicas e culturais, como melhor forma de concorrência para o desenvolvimento social. Finalmente, o historiador apelou à resistência contra a ingerência dos países estrangeiros nas questões públicas de Angola.