O Governo angolano prevê, no período que vai de 2023 para 2027, um investimento na ordem de mais USD 4 mil milhões em projectos estruturantes para combater a seca no Sul do país – anunciou, em Benguela, o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, quando em 2019, segundo dados oficiais consultados por este jornal, as autoridades diziam ter à disposição USD 600 milhões
Até há bem pouco tempo, instituições como a UNITA e a OMUN- GA, esta última ligada à sociedade civil, descreviam um quadro da seca no Sul do país que sugeria decretar-se o Estado de Calamidade. O Governo refere que, actualmente, estão em curso uma série de investimentos, daí que já não se justifique a tomada de uma decisão sugerida pelas aludidas instituições, por ter havido intervenções de emergência ao ponto de, hoje, a situação estar já controlada.
Em declarações à imprensa, à margem do XII Conselho Consultivo do Ministério da Energia e Águas, o director-geral do Gabinete das Bacias do Cunene, Cuvango e Cuvelai (GABIC), Carolino Mendes, garante que os investimentos ora feitos, descartam qualquer possibilidade de decretação de Estado de Calamidade – como tinham sugerido aqueles segmentos. O director lembra que o com- bate à seca teve o seu início, em 2022, com a entrada em funcionamento do sistema de transferência de água da bacia do Cunene para a do Cuvelai, denominado CAFU, um projecto de iniciativa Presidencial, orçado em USD 136 milhões.
Carolino Mendes dá ainda no- ta da construção, no âmbito dos 4 mil milhões, de duas barragens no município do Cuvelai que devem cobrir as necessidades prementes de abastecimento de água à população, fomento à agricultura e abeberamento de gado para a província do Cunene. “Também já estão em construção obras para assegurar água aos municípios da Cahama e do Curoca. Sabemos todos nós que o município do Curoca é um dos mais afectados pelos efeitos da seca”, realça.
Reabilitação
De acordo com o responsável, nesse último município, vão ser reabilitadas pequenas barragens, sendo que o programa reserva também a construção de uma outra no rio Caculuve, município da Cahama. “Portanto, o grande objectivo é assegurar água (…) de formas a que estas localidades possam, de facto, ter água e desenvolvam as várias actividades económicas e desenvolvimento da própria população sem terem que se deslocar a outras localidades, evitando até a migração de pessoas de zonas rurais para os centros da cidade “, disse.
O director da Bacia do Cunene, Cuvango e Cuvelai salienta que estão gizados e em curso vários outros projectos tendentes à melhoria do abastecimento de água nas províncias da Huíla, Namibe e que se deve estender, igualmente, à província do Cuando Cubango. “Particularmente, para as províncias do Namibe e Huíla, estão também a ser estudadas soluções – quer do ponto de vista de exploração de águas subterrâneas, quer do ponto de vista de águas superficiais, com a construção de barragens, que têm como grande objectivo represar a água para atender às populações dessas áreas.
Também no município dos Gambos, como sabemos, é uma região muito afectada”, ressalta. Do ponto de vista prático, na província do Cunene, frisa o responsável, a acção do Governo circunscreveu-se também à reabilitação de represas de água nas regiões da Cahama e Curoca, que se achavam assoreadas há mais de 50 anos e, agora, tais projectos cumprem com os objectivos para os quais foram concebidos.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela