A titular da pasta da Saúde, Sílvia Lutucuta, advoga o reforço na prevenção de doenças e na mudança de mentalidades como sendo elementos decisivos para o cumprimento do programa governamental.
POR: Norberto Sateco
A ministra da Saúde manifestou, este Domingo, na Lunda-Norte, a necessidade de se reforçar as medidas de prevenção das principais doenças, através da mudança de mentalidades e do abandono de algumas práticas, destacando o saneamento básico e desencorajar o recurso a algumas crenças religiosas para curar doenças sem que as mesmas apresentem indicadores científicos.
A governante, que falava no final da visita de constatação efectuada na região de Cafunfo, garantiu que esta estratégia representa uma das vias para alcançar as metas preconizadas pelo actual programa de governação. Quanto à polémica em redor do surto de malária associada à anemia severa, na região de Cafunfo, província da Lunda-Norte, atribuiu o facto à falta de saneamento ambiental e à preferência de algumas famílias por crenças religiosas para curar doenças.
“Há um surto de malária nesta localidade, de acordo com o conceito epidemiológico usado, embora ainda sem estatística concreta de casos na região”, constatou a governante que também revelou o registo de alguns casos de sarna e chicugunha. Em relação ao volume de óbitos, a titular da pasta da Saúde não adianta números, embora dados disponibilizados ao jornal OPAÍS apontassem para o registo de mais de seis óbitos de crianças até aos cinco anos de idade, ocorridos no hospital de Cafunfo, desde o passado dia 4 de Dezembro. Entretanto, a tarefa é encarada pela governante como “um caminho longo a percorrer” no domínio da prevenção da patologia, sobretudo em localidades predominante habitadas por população de baixa renda, cuja maioria é estrangeira, como é o caso da Lunda-Norte.
“O garimpo é, de facto, uma das situações que dificultam a tomada de medidas para inverter o quadro”, comentou a ministra, numa altura em que naquela unidade hospitalar se regista uma alta-médica de 97 por cento nos 2.815 casos de internamento por malária diagnosticados desde Janeiro do ano em curso. Encorajou o exercício de uma medicina humanizada, o reforço de quadros e de anti-maláricos para esta missão que consta na agenda de prioridades do Executivo.
A visita dos quadros séniores da Saúde verifica-se semanas após a efectuada pelos deputados da bancada parlamentar da UNITA, que despoletou a polémica sobre o número de mortos então contestado por Ernesto Muangala, governador local. Agenda de Sílvia Lutucuta inscreveu igualmente a entrega de um lote de 17 viaturas, entre ambulâncias, carros de fumigação e o reforço dos stocks de medicamentos, para acudir às principais doenças que afligem as populações da província.
Carreira de enfermagem é debatida em Luanda
Sindicato dos enfermeiros exige a actualização da carreira e de categorias no sector. O Decreto 254/10, sobre a carreira de enfermagem, estará novamente em discussão, esta Terça-feira, às 10:00h, em Luanda, visando de produzir consensos entre o Sindicato de Enfermagem e o Governo. O Decreto em discussão alude que a prestação de cuidados de enfermagem requer o aprofundamento de conhecimentos e habilidades pelos profissionais deste ramo da saúde, necessários para uma actuação competente e para a oferta de respostas eficazes em situação de crise ou de risco.
O seu Artigo 8, sobre as obrigações do técnico de enfermagem, refere que o mesmo deve administrar os medicamentos conforme prescrição médica e executar acções assistenciais de enfermagem, de acordo com o seu perfil. Quanto aos licenciados em enfermagem, o seu Artigo 13 sublinha que esses devem realizar consultas de enfermagem, prescrever a assistência de enfermagem e administrar medicamentos segundo a prescrição médica.
O Sindicato dos Técnicos de Enfermagem de Luanda exige a revogação do Decreto 254/10, sob a alegação de que os enfermeiros efectuam prescrições aos doentes, acto que é da responsabilidade exclusiva dos médicos. Em declarações à Angop, o 1º secretário do município do Cazenga do Sindicado dos Técnicos de Enfermagem, Marcelo Cândido, referiu que não é contra a reivindicação, porém, defende que enquanto se aguarda pela resposta das autoridades, os seus colegas deveriam continuar a “fazer o que sempre fizeram”, salvaguardando assim a vida de milhares de pessoas.
Acrescentou que alí onde não há médicos ou há em número reduzido, o atendimento de pessoas com doenças correntes deve prosseguir, porque estão em risco inúmeras vidas humanas, muitas das quais vivem em áreas distantes dos hospitais. “Assim sendo, vamos apelar e deixar que as autoridades competentes revejam a carreira de enfermagem, contudo, enquanto aguardamos, vamos ajudar a nossa população”, sugeriu. Ademais, apela aos ministérios da Saúde, Finanças e MAPTSS, às ordens profissionais e aos sindicatos, no sentido de conjuntamente, à volta da mesma mesa, reformularem a carreira dos enfermeiros, visando uma melhor prestação de serviço à sociedade.