O encontro, decorrido na sede provincial do governo, contou com a presença dos deputados do MPLA e da UNITA, que compõem o círculo provincial, e os representantes locais dos partidos políticos com assento parlamentar, nomeadamente o MPLA, UNITA, PRS, PHA (Partido Humanista) e FNLA.
Um dos assuntos que mereceu especial atenção no encontro foi a nova divisão político-administrativa da província de Cabinda no quadro da Lei n.° 14/24 de 5 de Setembro. Com a nova divisão político-administrativa do país, a província de Cabinda que, outrora possuía quatro municípios, passa a contar agora com dez, nomeadamente, Cabinda, Cacongo, Buco-Zau, Belize, Miconje, Massábi, Necuto, Tando-Zinze, Liambo e Ngoio.
À saída da reunião, o deputado da UNITA, Lourenço Lumingo, disse à imprensa que o encontro teve dois momentos: Apresentar cumprimentos de cortesia à governadora e falar sobre os aspectos sociais, económicos e políticos que têm a ver com a província.
“Dentro desses aspectos, levantamos vários pontos e aconselhamos como deve ser a governação local, por um lado, por outro, fizemos um conjunto de questionamentos à governadora sobre o novo prisma de governação que visa satisfazer as preocupações das populações.
Segundo o deputado Lourenço Lumingo, no encontro, falou-se também da necessidade de se implantar um núcleo da Universidade 11 de Novembro para o interior da província para atender os municípios de Buco-Zau e do Belize, já que os seus habitantes que pretendem fazer o ensino superior são obrigados a abandonar a região para se instalar no município de Cabinda.
De acordo com o deputado, o problema da imigração ilegal, um fenómeno de domínio público que vai afecta os bairros e as aldeias, foi apresentado à governadora, defendendo a necessidade do executivo, dos deputados e de outros órgãos e franjas da sociedade unir esforços para sensibilizar as populações no sentido de combater esse fenómeno que invade as nossas comunidades.
“Para abordarmos de forma clara e aberta esses problemas que vão afectando as nossas populações, a governadora garantiu-nos de que há uma necessidade desses encontros voltarem a acontecer mais vezes”, sublinhou.
Em relação aos projectos estruturantes da província, cujas obras encontram-se paralisadas, os deputados receberam garantias da governadora de que ela própria vai continuar a lutar com as estruturas centrais para a sua conclusão de modo a servir a população.
Em termos de gestão política da nova divisão administrativa da província de Cabinda, Lourenço Lumingo aventou que “possivelmente” poderá haver alguns ganhos porque o município de Cabinda era enorme e a resolução de vários problemas era concentrada apenas no casco urbano e os que vivem, por exemplo, no Malembo ou no Tando-Zinze a solução chegava de forma lenta.
“Queremos acreditar que, com essa nova divisão político-administrativa, os administradores que vão ser nomeados levem os serviços essenciais próximo das populações.”
Segundo disse, em termos estruturais faltou auscultar as populações sobre a nova divisão político-administrativa da província, porque “não concordamos que, por exemplo, Malembo passa a pertencer o município de TandoZinze por falta de vias de comunicação que ligam as duas localidades, assim como a população da actual comuna do Nhuca passar a pertencer ao Necuto vão continuar a ter os mesmos transtornos em termos de transporte para a nova dependência administrativa.
“Esperamos que isso não venha criar transtornos à população porque a governação é servir e não dificultar cada vez mais a vida do cidadão”, referiu. Para a deputada do MPLA, Berta Marciano, a nova divisão político-administrativa da província é muito importante porque tem valências, porquanto vai permitir a proximidade dos serviços públicos à população, vai criar mais emprego, distribuir melhor os rendimentos e haverá melhor controlo do OGE.
“Há uma necessidade de distribuir esses serviços e estes irem ao encontro da população para resolver as questões básicas que enfermam as nossas comunidades que são a energia, água, serviços administrativos, educação e saúde.”
Para ela, o encontro com a governadora baseou-se numa conversa leal, de proximidade e de contribuições porque os deputados são servidores públicos eleitos pelo povo e a nossa missão não é só criticar, mas ir ao encontro dos problemas e propor as soluções.
Reacção dos partidos políticos
O segundo secretário do MPLA em Cabinda, Artur do Carmo, disse que o encontro com Suzana de Abreu foi bastante produtivo porque os partidos políticos aproveitaram a oportunidade para apresentar algumas preocupações que afectam as populações, mas também receberam indicações sobre aquilo que está sendo feito no âmbito da implementação das políticas públicas no que tange essencialmente às questões fulcrais da vida da população.
“O MPLA aproveitou o ensejo para pedir aos nossos colegas dos outros partidos no sentido de apoiarem a governação, os esforços que estão em curso na resolução dos problemas e também pedimos alguma contenção relativamente ao verbo porque notamos que nós os responsáveis dos partidos políticos, por vezes, não temos sido eficazes na transmissão da mensagem relativamente aquilo que se faz”, sublinhou.
Por isso, acrescentou: “É bom, às vezes, passarmos essas informações à comunidade e aos nossos militantes para que possam estar informados daquilo que está a ser feito, ao invés, daquilo que assistimos uma retórica que visa essencialmente inflamar a consciência das pessoas no sentido de provocar alguma agressividade.”
Na sua percepção, foi um encontro pacífico e saiu-se daí com o sentimento de que “juntos seremos mais eficazes e poderemos resolver melhor os problemas das nossas populações, porque os nossos objetivos são comuns e os partidos políticos primam sempre pela resolução das preocupações que afectam as populações.”
Artur do Carmo referiu que a natureza desse tipo de encontros vão continuar a ter lugar com um ciclo que futuramente será definido no quadro da disponibilidade do calendário da governadora, mas, ainda assim, os partidos políticos estão representados em órgãos onde têm voz e onde podem perceber tudo aquilo que está a ser feito pelo executivo.
O responsável da UNITA em Cabinda, João Manuel, afirmou que foram abordadas questões de relacionamento e de aproximação para que em conjunto comecemos a avaliar aquilo que tem que ver com as preocupações das populações a nível da província de Cabinda.
“Trouxemos alguma linha de pensamento que tem a ver com as preocupações da sociedade. Esse pensamento foi bem acolhido pela governadora, o que vai ajudar a selecionar os problemas que a nossa sociedade passa, sublinhou João Manuel, considerando o encontro de positivo pelo facto de a governadora ouvir de nós e acolher as nossas preocupações e as nossas ideias que possam nortear a governação e dar maior valência ao desenvolvimento da província.
Por: Alberto Coelho, em Cabinda