Governador promete mais água em meio a queixas da população em Benguela

Depois de Luís Nunes ter prometido uma “Benguela melhor”, chegou a vez do actual governador Manuel Nunes Júnior, que promete mais água à população, numa altura em que os moradores dos bairros 11 de Novembro e 4 de Abril, no município dos Navegantes, se queixam de deficiência no fornecimento do líquido, havendo quem esteja nessa situação há mais de dez anos. Governo, entretanto, já tem milhões de dólares e euros para combater o défice

Quando questionada sobre o quadro actual, caracterizado por deficiência na distribuição do produto a um número considerável de bairros, a Empresa Provincial de Águas e Saneamento tem alegado falta de capacidade para fazer face à demanda, tal é a densidade populacional, ao mesmo tempo que manifesta esperançada de que os 80 milhões de euros investidos, no âmbito do Plano Integrado Emergencial de Benguela, venham a colmatar o défice actualmente existente, porquanto vão aumentar a capacidade de produção e, por conseguinte, gerar mais ligações domiciliares.

Enquanto essa capacidade não chega, cidadãos fazem contas à vida e não entendem as razões de, mais dez anos depois, algumas áreas de bairros como 11 de Novembro e 4 Abril não terem a água a jorrar diariamente nas torneiras de suas residências.

Um cidadão, identificado apenas por Pai Mara, morador do 4 de Abril, foi a voz de contestação da sua zona, numa altura em que o governador provincial, Manuel Nunes Júnior, efectuava visita a alguns projectos no município de Benguela, inscritos no Plano Integrado Emergencial.

Pai Mara garante que a situação já é de domínio das autoridades, que, no seu ponto de vista, nada fazem para solucionar o problema, porquanto “sai ano, entra ano e o problema prevalece”, ao acrescentar que esse facto tem obrigado a que moradores percorram longas distâncias à procura do líquido.

“Nós já estamos fartos disso. Nunca há água”, atirou-se um outro cidadão que se apresenta apenas como José, residente no bairro 11 de Novembro, que não vê a hora de a sorte dos moradores do bairro mudar.

Capacidade incapaz – admite governador

O governador de Benguela admite que os 0,8 metros cúbicos por  segundo de água produzida não fazem face àquilo que é a demanda, mas está confiante de que, com as obras em curso, em termos de macrodrenagem, se vá recuperar a anterior capacidade de 1,5 metros cúbicos por segundo.

“Isso vai melhorar, de algum modo, o fornecimento de água aqui, no município de Benguela, sobretudo nas zonas mais altas”, considera o governante, que projecta uma melhoria significativa no fornecimento do líquido nos próximos dois anos.

Em declarações à imprensa, o homem forte de Benguela assegurou que as obras emergenciais decorrem a bom ritmo, sem constrangimentos nenhum de ordem financeira e, em virtude disso, já se pensa na segunda fase do projecto, que vai implicar mais arruamentos e expandir muito do que se está a fazer.

“Aquilo que nós tivemos a oportunidade de ouvir da parte dos engenheiros e dos gestores da obra, os prazos estão aí para serem cumpridos. Vamos ter, daqui a mais dois anos e meio, uma Benguela diferente, mais ponto de atracção e as  pessoas possam viver bem”, vaticina Desmantelada rede que fazia ligações clandestinas Se, por um lado, a Empresa Provincial de Águas e Saneamento diz-se incapaz para satisfazer pedido de bairros, por outro, no seu interior, há funcionários envolvidos em práticas à margem das normas.

Recentemente, o conselho de administração desmantelou uma rede que se dedicava a ligações à margem do que as normas estabelecem (clandestinas). Funcionários há, segundo apurou este jornal, que “fabricavam” facturas e cobravam para benefício próprio.

O jornalista Ramiro Aleixo, que chegou a ser director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa das Águas no Lobito, antes da fusão, diz que esse é um caso de polícia, ao dar conta de que não é um caso novo. Conhecedor da casa, o jornalista suspeita que tal só ocorre porque as águas aglutinam todas as funções, justificando que o actual modelo, em que uma única entidade produz e distribui, não ajuda lá assim tanto.

Aleixo é defensor da adopção de um modelo semelhante ao da Empresa Nacional de Electricidade (ENE), que foi desmembrada em três entidades, designadamente a ENDE (distribuição), PRODEL (produção) e RNT (transporte). “Há indivíduos que já foram afastados por causa disso”, referiu, em um debate radiofónico, considerando ser importante haver tecnologia para detectar as perdas do volume de água.

“Lá fora (nos outros países) é assim que funciona. Há um sensor para determinar”, sustenta Ramiro Aleixo Por sua vez, o jurista Chipilica Eduardo reprova, igualmente, práticas dessa natureza, por prejudicar a empresa e não só, mas não deixa de responsabilizar o cidadão, para quem esse também não colabora e acções desses têm propiciado esse tipo de comportamento. De entre outras, o jurista aponta a falta de cultura de pagamento regular da factura de consumo.

“Chuva” para as águas

Entretanto, para além dos 80 milhões, as Águas, em Benguela, contam, igualmente, com um financiamento de 190 milhões de dólares, já em execução, aprovado pelo Presidente da República, João Lourenço, que visa o aumento da capacidade de produção e acena também para mais ligações domiciliares.

POR:Constantino Eduardo, em Benguela

Exit mobile version