A Associação dos Antigos Combatentes da FNLA(ACC) projecta a construção de um Monumento Histórico, em homenagem aos antigos combatentes e protagonistas da luta de libertação nacional, no Norte de Angola
POR: Ireneu Mujoco
O mesmo será erguido em Nova Caipemba, no município de Ambuila, no Uíge, local onde o Exército de Libertação Nacional de Angola (ELNA), antigo braço da UPA/FNLA, começou a luta armada contra o colonialismo português, a 15 de Março de 1961. O presidente da AAC/FNLA, Lino Ucaca Massaki, que falava a este jornal, por ocasião do 57º aniversário dessa revolta popular, disse ser necessário construir um monumento para honrar a memória destes “heróis anónimos”. De entre os protagonistas, cuja maioria já morreu, o responsável aponta os nomes de José Mateus Lello, Pedro Vila Garcia, Manuel Bernardo, Pedro(Tabi) Rodrigues, José César(Mekwenda Mekuiza) e Costa Kinkolo.
A ideia para a edificação do monumento tem a anuência do Ministério dos Antigos Combatentes e Veteranos de Guerra (MACVG), desde ano passado, cujo dossier é coordenado pelo secretário de Estado, Clemente Kunjuca. Lino Ucaca disse também que contactos exploratórios com as autoridades da província do Uíge acerca desta situação deviam ser já avançados, mas a troca de governadores alterou a situação. Por altura em que se pretendia reunir com o governador cessante, segundo a fonte, este estava a preparar-se para ceder o seu lugar ao seu sucessor. Mas prevê-se marcar um outro encontro com o actual governador, Mpinda Simão.
Do leque dos protagonistas do 15 de Março, não há um único sobrevivente, sendo que o último foi José Mateus Lello, falecido em 2013, e em situação de indigência. Após a sua morte, os seus restos mortais foram transladados para Nova Caipemba, onde já repousam ao lado do seu companheiro de guerrilha Pedro Vila Garcia. Lino Massaki disse que se está a envidar esforços junto das autoridades competentes para a transladação dos restos mortais de Pedro dos Santos Rodrigues, do Cemitério do Musseque Capari (Barra do Dande) para o de Nova Caipemba.
Indigência assola ex-combatentes
Em conversa com OPAÍS, Lino Massaki revelou que a maior parte dos ex-militares do ELNA vive em condições de indigência por falta de uma pensão de reforma a que deviam ter direito. Disse que do grosso dos antigos combatentes do ELNA, apenas cerca de mil e 700 associados estão inscritos na Caixa de Segurança Social do Ministério dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, e que auferem a módica pensão de 23 mil Kwanzas.
“Não é possível haver alguém que sobreviva com esta pensão cá em Angola”, desabafou o responsável, para quem a situação deve ser revista por quem de direito. Disse que dos mais de 10 mil efectivos do ELNA, nenhum está inscrito na Caixa de Segurança Social das Forças Armadas Angolanas(CSS/FAA), o que, segundo a fonte, agrava ainda mais a situação desta franja de cidadãos. Sobre o 15 de Março, Lino Massaki disse que servirá para, mais uma vez, reflectir o percurso destes 57 anos, desde que o ELNA, no Norte de Angola, desencadeou a luta contra o colonialismo nas matas do Uíge, Zaire, e Cuanza-Norte, respectivamente.