O Fundo Internacional de Desenvolvimento (FIDA) investiu 50 milhões de dólares para financiar projectos agrícolas no país, porém, o presidente da organização garantiu, depois de uma audiência concedida pelo vice-presidente da República sexta-feira, 6, que o montante poderá ser elevado para 90 milhões de dólares
POR: Rila Berta
O FIDA poderá reforçar com mais 40 milhões de dólares o financiamento ao sector agrícola no país em áreas a serem estudadas. A informação foi avançada pelo presidente do FIDA, Gilbert Houngbo, à saída do encontro que manteve com o vice-presidente da República, Bornito de Sousa, nesta Sexta-feira, 6. Desde 1991 que o FIDA é um parceiro de Angola, tendo financiado desde então projectos que excedem os 150 milhões de dólares. Contudo, dois projectos agrícolas foram lançados no país na última Quinta-feira, 5, no âmbito de um financiamento do FIDA, avaliados em 50 milhões de dólares. Gilberto Houngbo entende que Angola não deve depender apenas de um elemento de exportação, nomeadamente, o petróleo, mas deve diversificar a economia, bem como promover a mulher e as camadas vulneráveis.
Explicou que os projectos ora lançados devem projectar não só a produção, mas também a produtividade. Na ocasião, o ministro da Agricultura e Florestas, Marcos Nhunga, explicou que um dos projectos, de “Recuperação da Agricultura”, tem caracter de emergência e está direccionado às províncias onde se regista seca de modo recorrente, nomeadamente Cunene, Namibe, Huíla e Benguela. Referiu que o objectivo é repor a capacidade agrícola e pecuárias das populações das referidas regiões. Por outra, o ministro da Agricultura e Florestas disse que o projecto de “Desenvolvimento de Pequenos Agricultores e Comercialização”, avaliado em 38 milhões de dólares, servirá para apoiar famílias na Huíla e no Cuanza-Sul. “Este projecto visa o aumento de produção e da produtividade”, explicou. Marcos Nhunga realçou que o FIDA é um parceiro de Angola de longa data. “Vamos ver como podemos identificar mais projectos que possam servir para o estabelecimento da segurança alimentar e criação de condições para o desenvolvimento das comunidades rurais”, referiu.
238 mil famílias abrangidas Mais de 230 mil famílias serão apoiadas no âmbito do projecto “Desenvolvimento de Pequenos Agricultores e Comercialização”. Por outro lado, o projecto direccionado às zonas com seca vai abranger oito mil famílias. O ministro da Agricultura e Floresta admitiu que as previsões de produção de milho e de feijão indicam que irão superar os níveis alcançados nos últimos anos. Este aumento de produção, segundo Marcos Nhunga, deve-se à chegada atempada dos insumos, sobretudo os fertilizantes que, explicou, também baixaram de preço. “Deve-se à chegada atempada de semente melhorada, para além da introdução que se fez este ano a nível da mecanização agrícola”, acrescentou. Deste modo, para se estabelecer os preços do produto final, o ministro garantiu haver um grupo técnico criado para definir o preço mínimo de referência. “Para poder garantir que os camponeses ao menos cobrem os preços mínimos de produção”, disse.
União Africana quer ver operacional plano para desenvolvimento agrícola
A UA tem um plano detalhado para o desenvolvimento da agricultura em África. Este plano denomina-se CADEP e foi adoptado pelos Chefes de Estado do continente. Todavia, a organização quer ver a operacionalização deste projecto. Por este motivo, Josefa Sacko, comissária da UA para a Economia Rural e Agrícola (também recebida por Bornito de Sousa), justificou a sua presença no país e afirmou que a organização está a acompanhar Angola na implementação deste plano. “Estou satisfeita de estar aqui, no lançamento de dois projectos importantes, sobre a segurança alimentar e sobre a resiliência face às alterações climáticas”, disse. A responsável disse estar satisfeita com facto de o país estar a implementar as decisões assumidas pelos Chefes de Estado. Josefa Sacko anunciou também, na ocasião, que a UA mobilizou uma equipa de assistência técnica que deverá visitar o país em Junho próximo, para contribuir na elaboração do Plano Nacional de Investimentos.