Helena França da Silva assegura estar tudo preparado para a segunda fase da greve, com início no dia 22, e diz-se indignada por, até aqui, não ter havido entendimento entre a Comissão Técnica Negociadora das Centrais Sindicais e o Governo, com os ministérios das Finanças e da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social à cabeça, na sétima ronda negocial.
“Que dessem o desfecho desse processo reivindicativo. Infelizmente, nós vamos ter que passar para a segunda fase que termina no dia 30 de Abril”, vincou a sindicalista. França da Silva salienta, pois, que, à semelhança da primeira greve, os trabalhadores ficam – de 22 a 30 – em casa enquanto decorrer a paralisação. “E fazer a colagem do 1º de Maio também em casa.
Nós não vamos ter um primeiro de Maio com desfile, conforme acostumamos os nossos trabalhadores, porque estamos diante de um processo reivindicativo”, sustenta a interlocutora deste jornal. A secretária da União Nacional dos Trabalhadores Angolanos (UNTA) na província de Benguela descreve o momento vigente como sendo “nostálgico” e diz que os trabalhadores, em função disso, não dispõem de condições psico-emocionais para participar no desfile no dia 1º de Maio.
Ela garante correspondência positiva à decisão da UNTA de não promover, um pouco por todo o país, o desfile alusivo ao primeiro de Maio, como tem sido prática. “Os trabalhadores apresentam os seus posicionamentos aos sindicatos e estes fazem sair a público. São opiniões colhidas junto dos trabalhadores, e é confortável. Os trabalhadores emitem aos sindicatos e nós vamos, simplesmente, acompanhar esse processo e também cumprir com aquilo que são os anseios e vontade dos trabalhadores”, sustenta a líder sindical.
Embora o Governo fale em cumprimento do caderno reivindicativo na ordem dos 80 por cento, Helena França da Silva ressalta que continua a haver (ainda) muitos pontos divergentes e que o Governo terá somado “nenhuma vitória em nenhum dos pontos constantes no caderno reivindicativo”. Até à presente, não há convergência em relação ao que as centrais propõem e, por isso, a sindicalista assegura reflexividade por parte da comissão negociadora dos sindicatos.
“Nós estamos a falar da actualização do salário da função pública na ordem de 250 por cento, que, agora, ficou na ordem dos 100 por cento, diante da flexibilidade apresentada pelas centrais sindicais. Estamos a falar de um salário mínimo na ordem dos 245 mil kwanzas, que, agora, ficou taxada em 100 mil kwanzas”, reitera.
As três centrais, nomeadamente a UNTA-CS, CGSILA e a FSA propõem uma taxa fixa de Imposto sobre Rendimento do Trabalho (IRT) na ordem de 15 por cento e Helena França da Silva lamenta também o facto de, em relação à matéria em referência, não se ter, igualmente, encontrado entendimento. “O Governo apresentou uma contraproposta com relação aos pontos que nós abordamos e nós dissemos que ‘não é vontade dos trabalhadores que seja isso’ “, resume.